Após anos de isolamento, as autoridades do Irã mostram planos ambiciosos e eventos internacionais, para melhorar a imagem exterior do país e transformá-lo em um destino turístico de referência, reconhecendo que este objetivo tem muitos desafios pela frente.
Para mostrar-se conhecido em nível mundial e deixar para trás os temores dos estrangeiros, Teerã sediou em apenas duas semanas três grandes eventos internacionais relacionados à indústria turística: uma convenção de guias, uma feira de turismo e uma conferência de investidores e hoteleiros.
O Irã possui 21 lugares reconhecidos como Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco, entre eles a famosa Persépolis, e uma natureza diversa que reúne os apaixonados por montanhas como pelo deserto.
O de Lut está entre os mais quentes do mundo, com temperatura que chega aos 70 graus
São cinco mil anos de história e ainda menos de 40 anos da revolução islâmica, uma arquitetura incrível entre palacios e templos
“Veja o Irã diferente” foi o tema da Feira Internacional de Turismo de Teerã, que destacou o país como seguro por não sofrer com o terrorismo, como outros vizinhos do Oriente Médio.
Uma imagem mais amigável do Irã também parece ter sido mostrada pelo acordo nuclear, firmado com o G5+1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia mais Alemanha) em julho de 2015, o que significou uma mudança de ciclo para a indústria do turismo ao dispersar os impedimentos diplomáticos e comerciais.
Na opinião do encarregado de relações públicas da Corporação de Desenvolvimento do Turismo do Irã, Reza Salehi, o pacto nuclear “ajudou muito no auge do turismo”, mas ainda não é suficiente.
“Para se obter um maior crescimento é preciso desenvolver tanto os laços comerciais como as infraestruturas do país, com a construção de novos hotéis e e áreas de descanso nas estradas”, disse.
Salehi também reconhece que é preciso “mais divulgação no exterior a fim de resistir à imagem negativa dada por alguns países que têm laços um pouco hostis com o Irã”. Temores em relação ao regime iraniano continuam a existir, de acordo com vários dos participantes da Convenção da Federação Mundial de Associações de Guias de Turismo, que se reuniram no início de fevereiro e mostraram grata surpresa pela tranquilidade do país e pela hospitalidade do povo.
Junto a esses medos está a política do novo governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, cujas sanções e o veto migratório ao Irã – suspenso pela Justiça – foram contestados por Teerã com medidas recíprocas, afetando o turismo.
Fatima Pahlavan, diretora de marketing e vendas do hotel Enghelab, da companhia Parsian, confirmou que todos os hóspedes procedentes dos EUA cancelaram suas reservas. Apesar disso, a ocupação hoteleira dos Parsian chega próxima dos 70%, com destaque no aumento das visitas de turistas europeus. Vários dos hotéis da rede estão processo de reforma de acordo com os padrões internacionais.
O número de visitantes estrangeiros aumentou gradualmente desde a chegada de Hassan Rohani à presidência em 2013, superando os cinco milhões em 2015. Uma década antes, o número era só de um milhão de pessoas.
O percurso mais comum é a visita às cidades históricas de Isfahan, Shiraz e Tabriz, principalmente para os visitantes com mais de 50 anos, enquanto os jovens buscam excursões pelas montanhas e pelo deserto.
O plano do governo iraniano é chegar aos 20 milhões de turistas em 2025, o que representaria uma receita de US$ 30 bilhões, segundo as estimativas da Organização de Patrimônio Cultural e Turismo do Irã.
Entre os anos de 2014 e 2015 foram construídos 11 hotéis e um novo plano está em execução na busca de investidores para novos empreendimentos. O governo oferece incentivos na redução de impostos.
De acordo com os dados divulgados semana passada na Conferência de Hotéis e Investimento em Turismo, apenas 13 dos 96 hotéis de Teerã estão classificados com quatro ou cinco estrelas, mas empresas internacionais como Accor e Melia já estão envolvidas em projetos.