Compartilhar pontos de vista completamente opostos, com outras mulheres, é o máximo
São as diferenças culturais que deixam as viagens mais instigantes. A posição da mulher na cultura dos países muçulmanos é diferente da cultura dos chamados países ocidentais. Para nós, brasileiras, pertencentes a uma cultura calorosa e espontânea, é estranho se deparar com mulheres cobertas dos pés à cabeça. Causa também estranheza vê-las andando sempre atrás do homem e se recusarem a olhar para as mulheres que estejam usando, por exemplo, uma calça comprida ou uma blusa sem mangas.
O que é mais frustrante numa viagem por países mais ortodoxos é não poder travar uma boa conversa com os locais. Conversas permitem compartilhar, interagir, conhecer a história do outro e finalmente criar empatia. Quando não há este tipo de comunicação, a sensação é a de que estamos assistindo a rotina do país por detrás de um domo de vidro. Ficamos sujeitos apenas ao plano da superficialidade.
No último dia de uma viagem que fiz a Dubai, como boa mineira, cheguei cedo ao aeroporto e fui descansar da agenda corrida que tive no país, na sala VIP da Emirates. Escolhi um cantinho vazio, para poder escrever em silêncio, até que me vi cercada por 4 mulheres. Uma norte-americana chamada Gail, Elsa, uma britânica e uma mãe e sua filha, árabes, como viemos a nos conhecer depois.
Depois de tanto ir e vir por países árabes, neste dia, 4 mulheres compartilharam diferenças culturais e ainda ganhei de presente a opinião sincera de uma mulher árabe sobre o que era viver sob aquele tipo de tradição. Pela 1ª vez, ouvi de uma muçulmana o que significa ser mulher num país árabe, onde os homens têm muita e as mulheres tão pouca liberdade.
São as diferenças culturais que unem os seres humanos
Éramos só nós naquele lounge elegante e super refrigerado quando notei que estávamos a observar a diferença de vestimenta das 2 gerações de mulheres árabes. Era gritante. A mãe, não conseguimos identificar nem os olhos, nem a voz. Debaixo de uma burca de seda azul escura toda bordada, era um vulto volumoso ao nosso lado. Já a filha parecia estar pronta para uma sessão de fotografia para um editorial de moda. Linda, usava um hijab de uma seda quase transparente e era possível ver o vestido e os sapatos de grife por baixo. Unhas vermelhas, bem feitas, maquiagem forte, sorriso aberto.
A filha conversava alegremente com a mãe, de quem nunca ouvimos a voz, mas sabíamos que respondia pela expressão de felicidade da filha continuando o diálogo. Foi aí que Elsa, a viajante britânica começou a conversar com a filha e nos puxou – Gail e eu – para o bate-papo. Falamos sobre voos e como são cansativos; sobre viagens, como são boas; compras, como são necessárias; famílias, como são imprescindíveis, e culturas, como nos define. A mãe se tornara impassível e Elsa aproveitou a deixa sobre culturas para disparar perguntas que seguiram rápidas e mortais, como uma chuva de flecha, em direção da jovem árabe:
Você é uma mulher muito bonita. Não se incomoda de poder usar com liberdade este vestido lindo somente fora do seu país? Você está indo agora para Paris, para comprar um enxoval que, tenho certeza, será lindo também. Como consegue viver sob tamanha privação de liberdade? Não poder mostrar seu rosto, seus cabelos, ter de andar sempre atrás do seu marido?
Pois a jovem árabe foi ainda mais rápida que as flechadas em forma de perguntas. Pegou todas de uma só vez, com a mão e disparou-as de volta em nossa direção com uma resposta:
Meu pai é um homem muito rico. Sempre tive todo o conforto que desejei na vida. Vou para Paris e comprarei o enxoval dos meus sonhos. Meu marido é também um homem muito rico. Eu gosto e quero continuar levando essa vida sem preocupações. São os homens que se encarregam de se preocupar, não as mulheres. Esta é a cultura do meu país e é um preço muito pequeno que temos de pagar para viver uma boa vida, pensando apenas no bem-estar dos meus filhos, que virão, e no da minha família.
Preço, disse a viajante britânica olhando para nós.
Olhamos umas para as outras, sorrimos e começamos a falar de lojas fantásticas em Paris.
É …… rsrsrs,
Simples assim,,,aí quem dera a falta de conflito kkkkk , pois então,,,agora tenho que sair. Perdendo pois aqueles itens todos fora cuidar de casa de todos e do trabalho gritam kkkkkkkk
Claudia adoro os seus escritos 😍
Oi Helga!! E eu adoro suas fotos e ideias! Que a gente continue trocando experiências! 😀 :-*
Oi Cláudia,
Gostaria muito de ler o resto do texto.
Ouvi hj pela manhã na rádio CBN e fiquei muito curiosa para conhecer o resto da história.
Obrigada, Lilian Martins
Oi Lilian!
Encaminhei o link do texto, que retirei do meu diário de viagens pra vc ler. Ótimas viagens pra vc! :-*