Naquele instante a viagem se revelou e eu me vi travando uma batalha pessoal
Na Serra dos Órgãos, melhor dizendo, sobre uma pedra enorme, localizada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, eu experimentei o poder com o qual uma viagem pode nos presentear. Lá estava eu, em cima desta rocha monumental, que se projetava sobre um precipício. Lá no alto, eu sentia o vento me balançar mas meus pés seguiam firmes, grudados naquela pedra, solidamente fincada no resto da montanha. A sensação de estar enraizada na pedra deixou meus pensamentos, por alguns minutos, viajarem pela beleza da paisagem que pairava a uma centena de metros, lá embaixo. Eu estava em um pequeno reduto de Mata Atlântica, milagrosamente preservado, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Estado do Rio de Janeiro.
O cenário era ideal para um filme de ação, daqueles em que o herói desce veloz por uma corda, determinado a salvar a frágil mocinha que o espera, aflita, sob a custódia daquela altura mortal onde eu me encontrava. No momento em que suas mãos estão quase se tocando, o gancho que segura a corda se rompe, a música de fundo aumenta e, num salto incrível, o mocinho segura a garota pela cintura. Juntos, dão um mergulho perfeito nas profundezas do lago de águas azuis que, placidamente espera pelo casal, dezenas de metros abaixo. Quando voltam à tona, sãos e salvos, a mocinha já está perdidamente apaixonada e… The End!
Mas e eu? O que é que eu estava fazendo ali? Havia sido convidada para passar um final de semana longe da cidade grande, para embarcar em um roteiro de aventuras. Olhando a vista maravilhosa que só podia ser apreciada por quem chegasse exatamente àquele lugar, me preparava para fazer minha primeira descida de rapel, quando fui assaltada por um medo real. Tinha descoberto o que significava estar a 60 metros de altura presa apenas por uma corda, que nem era tão grossa assim.

Naquele instante a viagem se revelou. Em um local belíssimo, travava uma batalha pessoal para vencer o meu medo e descer das alturas amarrada em uma corda. Pois segurei a onda, controlei o medo e fiz um canyoning, descendo de rapel a lateral de uma cachoeira. Não olhei muito para baixo, é verdade, e experimentei a maior dose de adrenalina da minha vida.
O melhor, porém, ainda estava por vir. Já no caminho para casa surgiu uma sensação de absoluta autoconfiança e paz. A frágil mocinha foi salva por ela mesma, que virou a heroína da história.
Se você puder, reserve um final de semana e faça uma viagem como esta, para experimentar, como eu, uma aventura inesquecível.