Arquitetura Art Deco + Mesquita Hassan 2º + Gastronomia + Compras farão sua viagem ser inesquecível
Casablanca é um destino que, por acidente, entrou no imaginário dos turistas ocidentais. Esse acidente se chama Hollywood, que escolheu a cidade marroquina para ser um personagem coadjuvante e título de um dos clássicos da indústria cinematográfica: Casablanca.
Graças à Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, as 2 estrelas hollywoodianas que elevaram o filme noir à categoria de clássico, Casablanca virou um destino turístico. O resto é história. Ou pura ficção, como o restaurante que aparece no filme, o Café Rick.
Verdadeira instituição turística local, ele atrai milhares de visitantes que chegam não apenas para conhecer o cenário e experimentar a gastronomia, mas também proferir o que, dizem, ser uma famosa frase do filme:
– Play it again, Sam (em bom português, toque de novo, Sam).
Esses visitantes provavelmente não sabem que o filme não foi rodado em Casablanca, mas inteiramente dentro dos estúdios da Warner, na Califórnia. O Café Rick, que foi criado depois, e por causa do filme. Ainda assim, ele segue sendo um sucesso entre os turistas, que também não sabem que a frase, Play it again, Sam, nunca foi dita por Ingrid Bergman (a frase real do filme é: Play it, Sam).
Então vamos deixar a ficção e aterrissar na Casablanca real
A cidade não tem o apelo sexy de Marrakech, nem o peso cultural de Fés e Rabat, importantes destinos marroquinos, mas tem personalidade própria. A Casablanca de verdade tem um incrível acervo arquitetônico em estilo art nouveau, herança dos tempos em que o Marrocos era uma colônia francesa. Combinado com novas feições urbanas que aproximam a cidade cada vez mais da árabe e berbere, Casablanca mostra que está em profunda transformação.
Casablanca ou Anfa?
Casablanca é uma das mais importantes cidades do Marrocos e um destino internacional. Anfa, também. Este é o nome de batismo da cidade que adotou Casablanca como, digamos, seu nome turístico. Na última vez que a visitei, conversei com alguns moradores para saber se o Marrocos, como aconteceu na Índia, estava rebatizando suas cidades, retirando os nomes dados pelos colonizadores e retornando com os respectivos nomes originais. As respostas foram tão divididas que não consegui chegar a uma conclusão. Então, fiz o melhor que pude e deixei que minha própria percepção me guiasse.
Uma cidade em constante transformação
Caminhando por Casablanca ou vendo-a do alto, da janela do quarto do hotel, entendi que ela é a representação perfeita do Marrocos do século 21. É ali que os negócios acontecem e onde estão as sedes das principais empresas do país. Seus novos prédios são arranha-céus portentosos e poderiam estar em qualquer grande cidade árabe do mundo. E digo árabe porque mesmo ostentando a mais contemporânea das arquiteturas, as construções têm sempre um detalhe na fachada, no desenho ou na decoração de interior do edifício que remete à cultura berbere ou muçulmana.
Pouco a pouco este estilo mais moderno e de certa maneira mais ligado à cultura marroquina, anterior ao domínio francês, vai tomando o lugar do cenário afrancesado da cidade. E por toda a cidade vi muitas vezes o nome Anfa ser usado, no lugar de Casablanca.
Visita à Mesquita Hassan 2º é o ponto alto da viagem
Uma das provas de os tons berberes, árabes e mulçumanos têm mudado seu cenário urbano é a mesquita que se transformou no cartão postal de Anfa, ou de Casablanca. O ponto alto de um passeio pela cidade é a Mesquita Hassan 2º. Ela é a maior de todo o continente africano e a 7ª do mundo em tamanho. O projeto ambicioso cristalizou o desejo do antigo rei do Marrocos, Hassan 2º, de construir uma mesquita que seguisse os ensinamentos islâmicos que dizem estar o trono de Deus sobre as águas. Para isso foi feito um afloramento artificial de terra sobre o Oceano Atlântico. Sobre ele foi erguida a mesquita. Ela é a mais alta construção do Marrocos e ostenta o mais alto minarete do mundo, que tem 210 m de altura, o equivalente a um prédio de 60 andares.
Pessoas de todo o mundo, incluindo não muçulmanos podem visitá-la, sempre seguindo um horário pré-definido. De perto ou de longe, de qualquer ângulo que possamos observá-la, a Mesquita Hassan 2º impressiona e é digna de admiração. Como se trata de uma estrutura capaz de receber mais de 100 mil pessoas, incluindo seus espaços internos e externos, reserve uma manhã ou tarde inteira para conhecê-la. Observe a opulência dos detalhes e dos acabamentos, dos azulejos de tons azulados, cor de marfim e amarelo real, emoldurando as paredes do exterior do templo. Já no interior da construção, o gigantesco teto dourado foi feito e decorado com a mais valiosa madeira de cedro, retirada das montanhas marroquinas.
O teto é retrátil e se abre completamente nos dias mais quentes, deixando entrar a brisa refrescante do oceano. O mármore rosa, de Agadir, o melhor do país foi usado no revestimento interno. O piso da mesquita é aquecido para oferecer conforto aos fiéis nos dias frios. Aberturas no chão nos deixam vislumbrar no andar abaixo as salas de abluções e os hammans, onde é praticado o ritual de limpeza do corpo antes das orações.
Aproximadamente 6.000 dos melhores artesãos do Marrocos vieram de todas as partes do país para trabalhar na construção que demorou cerca de 7 anos e ficou pronta em 30 de agosto de 1993, véspera do aniversário do profeta Muhammad, conhecido por nós como Maomé.
Gastronomia e compras em Casablanca
Conhecer um novo destino inclui experimentar a boa cozinha local e bater perna para conhecer novas vizinhanças aproveitando para entrar numa lojinha aqui e ali. Em Casablanca, no Marrocos, não é diferente.
Em La Corniche, um bairro charmoso, na região litorânea, estão alguns dos melhores restaurantes da cidade. O bairro é frequentado tanto por moradores quanto por visitantes o que dá um tom diversificado ao cenário repleto de cafeterias à beira mar, guarda-sóis coloridos e restaurantes com vista para o oceano Atlântico.
Um dos mais tradicionais e renomados restaurantes da cidade é o Le Cabestan, especializado na culinária europeia com toques da cozinha marroquina. Se você quer algo mais sofisticado, vá ao Blue, também localizado em La Corniche, mais exatamente dentro do hotel Four Seasons e cuja especialidade é a cozinha mediterrânea. Em comum, além da boa gastronomia, os 2 restaurantes têm vistas espetaculares para o litoral. Também na gastronomia, Casablanca preserva as tradições francesas.
E como numa viagem de mão dupla, o chef marroquino Taki Kabbaj trabalhou nos melhores restaurantes de Paris e voltou para o seu país para abrir o seu próprio restaurante, o Kabbaj. O cardápio mostra especialidades marroquinas com um toque afrancesado.
Por fim, no Quartier Habous, você vai encontrar uma boa amostra do comércio local, que mistura lojinhas de souvenir com boutiques descoladas e lojas de design.