
Em nova análise, associação prevê o impacto da pandemia a médio prazo
Para a IATA, a imposição de medidas de quarentena a viajantes dificulta a recuperação do setor aéreo. Essa foi a conclusão de um estudo conduzido pela associação com a Tourism Economics.
A pesquisa ouviu passageiros recentes em abril de 2020; entre os quais 86% estavam preocupados com a possibilidade de ficar em quarentena durante a viagem. Nesse cenário, 69% dos viajantes afirmaram que não viajariam caso fosse obrigatório um período de quarentena de 14 dias.
Alternativamente IATA propõe que a segurança e confiança dos passageiros sejam garantidas sem adoção de quarentena. Para isso, a associação sugere medidas como a proibição de viagens a indivíduos que apresentem sintomas da Covid-19; com a medição de temperatura dos viajantes.
Mesmo no melhor cenário, essa crise vai custar muitos empregos e interromper o período de anos de crescimento estimulado pela aviação. Não devemos piorar esse prognóstico.
Precisamos de uma solução para viagens seguras que levem em conta dois aspectos: garantir aos passageiros a confiança para viajar com segurança e sem transtornos e aos governos; a confiança de que estão protegidos contra a importação do vírus.
Alexandre de Juniac – Diretor Geral e CEO da IATA
Ao mesmo tempo, a IATA propõe que as medidas de combate ao coronavírus sejam feitas de forma globalmente coordenada. Nesse sentido, é fundamental a atuação da Força-Tarefa de Recuperação da Aviação Civil pós-crise da Covid-19 (CART), da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) .
A CART tem muito a fazer em pouco tempo. Essa força-tarefa deve encontrar um consenso entre os estados sobre as medidas necessárias para controlar a Covid-19 na retomada das atividades da aviação, e deve criar confiança entre os governos de que as fronteiras podem ser abertas aos viajantes porque uma abordagem em camadas foi implementada adequadamente em todo o mundo.
Alexandre de Juniac
Perspectivas para a retomada do turismo
Para ilustrar as possibilidades de recuperação, foram traçados 2 cenários = retomada básica e retomada lenta.
Retomada básica
A retomada básica considera que os mercados domésticos já estarão abertos no 3° semestre de 2020. A recuperação das viagens aéreas continuaria limitada, mesmo com a expectativa de crescimento vigoroso ao final de 2020 e início de 2021.
Nesse cenário, estima-se que a demanda global de passageiros em 2021 seja 24% menor que a de 2019, e 32% menor que a a previsão elaborada para o ano em outubro de 2019. Além disso, a retomada básica possibilitaria que as viagens voltassem aos níveis de 2019 em 2023.
Retomada lenta
Por outro lado, o cenário pessimista prevê que a demanda global de passageiros em 2021 pode chegar a ser 34% menor que as de 2019; e 41% abaixo da previsão anterior para o ano. De acordo com a IATA, esse quadro poderá ser observado caso as restrições de viagens durem até o 3° semestre de 2020; o que atrasaria ainda mais a recuperação do setor aéreo.
Incentivos dos governos e injeções de liquidez dos bancos centrais devem promover a recuperação econômica assim que a pandemia estiver sob controle. Mas a confiança dos passageiros levará mais tempo para ser recuperada.
E mesmo assim, os viajantes individuais e corporativos provavelmente terão um controle maior dos gastos com viagens e ficarão mais perto de casa.
Alexandre de Juniac – Diretor Geral e CEO da IATA
Rotas longas irão lidar com o impacto da Covid-19 por mais tempo
Em pesquisa realizada em abril de 2020, a IATA verificou que 58% dos viajantes devem priorizar, em um 1° momento, as viagens mais curtas. Por isso, espera-se que a demanda doméstica de passageiros observada em 2019 seja retomada em 2022; enquanto as viagens internacionais devem alcançar esse patamar apenas em 2024.
Os impactos da crise nas viagens de rotas longas serão muito mais graves e devem durar mais do que o impacto esperado nos mercados domésticos. Com isso, padrões de biossegurança globalmente implementados e acordados para o processo de viagem se tornam ainda mais importantes.
Temos pouco tempo para evitar as consequências de medidas unilaterais descoordenadas que marcaram o período logo após o 11 de setembro. Temos que agir rápido.
Alexandre de Juniac – Diretor Geral e CEO da IATA