Associação vê retomada lenta diante de incertezas socioeconômicas
A pandemia de Covid-19 vem perdendo força em todo o mundo, mas isso não quer dizer que o setor aéreo vá se recuperar de uma hora para a outra. A incerteza em relação à economia e à segurança, por exemplo, podem tornar lenta a retomada das viagens. Nesse cenário, a IATA pede que governos atuem em conjunto com as empresas para estimular a confiança dos cidadãos. Assim, a associação espera que seja mais rápida a retomada da aviação e da economia como um todo.
A confiança dos passageiros sofrerá um golpe duplo, mesmo após a contenção da pandemia. Preocupações econômicas pessoais no cenário da recessão iminente, além de preocupações com a segurança das viagens. Os governos e o setor devem agir de maneira rápida e coordenada, adotando medidas para aumentar a confiança.
Alexandre de Juniac – Diretor-Geral e CEO da IATA
Pedido de ajuda tem base em pesquisas recentes
As perpectivas traçadas pela IATA que indicam que a retomada dos voos não deve ser imediata têm como base os dados observados na China e na Austrália. Em ambos, os números de novas infecções por coronavírus alcançaram níveis baixíssimos. Porém, mesmo assim, o número de voos domésticos continua reduzido.
A China, por exemplo, com poucas novas infecções, observou a demanda doméstica por voos começar a se recuperar. Mas o país, responsável por cerca de 24% de todos os passageiros domésticos do mundo, viu essa recuperação estagnar. O número de voos, após crescer em fevereiro e na 1ª semana de março, se estabilizou em cerca de 40% dos observados antes da pandemia. Além disso, as baixas taxas de ocupação indicam que a demanda real pode ser ainda menor.
Já na Austrália, a demanda doméstica continuou caindo mesmo com o baixo número de novos infectados. Ainda sem sinal de recuperação do setor aéreo, o total de voos domésticos corresponde a 10% dos níveis pré-coronavírus.
A IATA ressaltou a importância dos indicadores do mercado doméstico. A associação prevê que a recuperação pós-pandemia deve começar pelas viagens domésticas, seguidas pelas regionais e depois pelas intercontinentais; já que os governos eliminarão as restrições gradativamente.
Em algumas economias, a disseminação da Covid-19 diminuiu a ponto de fazer com que os governos comecem a pensar em suspender as restrições de distanciamento social. Mas parece improvável vermos uma recuperação imediata da queda catastrófica na demanda de passageiros.
As pessoas ainda pretendem viajar, mas querem clareza sobre a situação econômica. E, provavelmente, vão esperar pelo menos alguns meses depois da contenção da pandemia para só então voltarem a viajar. As medidas de estímulo à confiança serão fundamentais para reiniciar os voos e estimular as economias.
Alexandre de Juniac – Diretor-Geral e CEO da IATA
Preocupação com segurança e situação financeira
Em pesquisa realizada pela IATA, 60% dos ouvidos disseram pretender voltar a viajar em 1 a 2 meses após a contenção da pandemia. No entanto, 40% indicaram que podem esperar 6 meses ou mais. Além disso, 69% indicaram que podem adiar o retorno às viagens por questões financeiras.
IATA pede que governos continuem ajudando
Além do estímulo à confiança, a IATA pede que governos continuem ajudando financeiramente o setor. As receitas de passageiros devem ter redução de US$ 314 bilhões em relação a 2019, com queda de 55%. Além disso, a baixa demanda continua afetando as reservas de caixa das companhias.
Nesse sentido, a IATA reconheceu os governos de Colombia + Hong Kong + Senegal + Seychelles, além dos 41 Estados membros do Eurocontrol, que recentemente promoveram medidas que favorecem o alívio financeiro ao setor aéreo.
O transporte de passageiros parou com as ações unilaterais dos governos adotadas para impedir a propagação do vírus. A retomada, no entanto, deve ser planejada com confiança e colaboração, e deve ser guiada pela melhor base científica que temos disponível. O fator tempo é essencial. Devemos começar a desenvolver uma estrutura para uma abordagem global que garanta às pessoas a confiança necessária para que elas viajem novamente. E, obviamente, isso precisará ser reforçado por medidas de estímulo econômico para combater o impacto de uma recessão.
Alexandre de Juniac – Diretor-Geral e CEO da IATA