A típica cozinha do Sul dos Estados Unidos pode ser saboreada na capital do Mississippi
Diário de Viagem, 5 de outubro de 2018
Pela 1ª vez desde comecei a percorrer a Trilha dos Direitos Civis, fico mais de um dia em uma cidade. Assim, continuo descobrindo as atrações de Jackson, ligadas ao tema dos Direitos Civis e à história e cultura dos Sul dos Estados Unidos.
E nada como a gastronomia para revelar os hábitos locais. Na capital do Mississippi descobri uma culinária variada, muito saborosa e extremamente típica. Para o viajante que gosta de conhecer lugares frequentados pelos moradores da cidade, estas são indicações verdadeiramente luxuosas.
Eu comi em 2 restaurantes muito tradicionais de Jackson, que servem a autêntica culinária do Mississippi. Ambos remetem à cultura dos escravos e suas origens africanas.
Sugar Place oferece pratos típicos do café da manhã sulista
Minha primeira experiência, começou bem cedo e fui, com o Jonathan Pettus, do Visit Jackson – órgão de turismo da cidade -, tomar o café da manhã no Sugar Place.
A casa pode ser descrita como uma mistura de cafeteria e restaurante e é um point dos moradores e dos universitários da capital do Mississippi.
O Sugar Place já ganhou vários prêmios locais e minha curiosidade de viajante me levou a comer um dos pratos típicos da casa. Foi o Jonathan, meu anfitrião, quem sugeriu a iguaria: waffle com manteiga + calda doce e… frango frito.
Mas entenda bem, caro leitor-viajante: o frango frito e empanado deve ser comido junto e misturado com o waffle. O prato chegou quente, fumegante e estava delicioso!
Bully’s serve almoço acompanhado de muita história
Já o Bully’s – um boteco, no melhor sentido da palavra – é também um restaurante imperdível, não apenas pela comida, mas pelo ambiente incrível do lugar.
Os clientes, os funcionários, as cozinheiras, os garçons, todo mundo parecia se conhecer há séculos e bastou eu entrar para fazer parte da turma. Sensacional!
As paredes do restaurante estão cobertas com fotos e notícias da comunidade afro americana. Imagens que incluem dos ativistas locais e nacionais ao eterno presidente dos Estados Unidos Barack Obama.
Entre uma refeição e outra, a Trilha dos Direitos Civis
Meu dia foi tão rico quando ontem e um dos pontos altos foi a visita ao Smith Robertson Museu e Centro Cultural. Ele está instalado no prédio onde funcionou a 1ª escola pública para os afro-americanos, aberta no final do século 19. Sim, porque até pouco mais da metade do século 20, prevalecia uma doutrina jurídica no país. Batizada com o nome de Separeted but Equal.
Esta doutrina jurídica se baseou em um caso julgado pela Suprema Corte dos Estados Unidos, em 1896, julgamento esse que ficou conhecido como Plessy versus Ferguson.
Por 7 votos a 1, a Suprema Corte declarou que a “segregação racial nos estados do Sul dos Estados Unidos, não violava a Constituição dos Estados Unidos. Mas sobre este e outros acontecimentos históricos escreverei ao voltar de viagem.
A emocionante visita à casa de Medgar Evers
Jackson conseguiu preservar de maneira exemplar, e de uma forma bastante original, a história do Movimento pelos Direitos Civis. Fazendo contraponto ao emocionante e vibrante Museu dos Direitos Civis do Mississippi (Mississippi Civil Rights Museum) está o Medgar Evers Home Museum.
O museu é simplesmente a casa onde morou o brilhante ativista afro americano Medgar Evers, secretário do NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor) que foi assassinado ao chegar ao lar, diante da mulher e dos filhos.
A visita é feita também de maneira simples, mas muito marcante, ouvindo as histórias do ativista, contadas por uma moradora local que conheceu Evers, sua história e é hoje a guia da casa-museu. O formato da visita faz com que o visitante se aproxime da história do homem e do turbulento período que acabou por tirar a sua vida.
Deixei Jackson com a sensação de que mergulhei de vez na Trilha dos Direitos Civis.