Música + gastronomia + história dos Direitos Civis dão ritmo + sabor + emoção num roteiro pela cidade
Diário de Viagem, 7 de outubro de 2018
Cheguei ontem em Memphis e estou hospedada no Hilton East Memphis, na parte Leste – mais nova – da cidade. Como todas as visitas que tenho feito estão no Centro, a parte mais histórica desta lindíssima metrópole do Tennessee, continuo usando o carro para me deslocar.
Se você fizer a Trilha dos Direitos Civis ou decidir alugar um carro para circular por Memphis e região, vale saber que é possível parar em muitas ruas da cidade, bem perto de restaurantes e outras atrações, sem pagar qualquer taxa por isso.
Mesmo sendo a 1ª vez que a visito, deu pra perceber que Memphis está vivendo um momento de transformação urbana, principalmente no Centro da cidade. Trazer os locais para morar, de novo, no Centro, oferecendo a eles uma série de benefícios é uma tendência de todas as grandes cidades dos Estados Unidos.
Memphis = Transformação urbana + gastronomia
Qualidade de vida e conforto – para o morador e para o visitante – está no cerne desta transformação, que inclui também a gastronomia. Tanto que a Vogue norte-americana destacou 2 restaurantes de Memphis em sua seleção anual de 2018 = o The Gray Canary + o Beauty Shop.
Eu jantei no super trend The Gray Canary. Ele fica no coração da cidade, tem vários ambientes e texturas em sua decoração. A iluminação é bem projetada, mudando de intensidade para cada tipo de espaço, a música é ótima, e os pratos, deliciosos.
Optei pelo cardápio de tapas, uma das especialidades da casa. Pedi uma salada de quinoa e cogumelos maitake que foram mais do que suficientes, pelo tamanho enorme da porção. O serviço foi outra agradável surpresa, pela hospitalidade e delicadeza do atendimento.
Já no Beauty Shop curti um brunch de domingo. O clima de final de semana, relaxado e descontraído ganha aqui um colorido original. Como o seu nome diz, a casa é ambientada em um cenário de salão de beleza, com direito a secador de cabelo atrás da sua poltrona. Panquecas, steaks, omeletes, café delicioso, frutas e um clima pra lá de alegre é o que você vai encontrar na casa.
E foi logo depois do brunch de domingo que eu tive uma das mais emocionantes experiências desta viagem.
Visita ao Lorraine Motel = National Civil Rights Museum
No início da noite do dia 4 de abril de 1968, Martin Luther King Jr estava em Memphis. Ele se hospedara no Lorraine Motel e estava se arrumando para jantar na casa de amigos. Na noite anterior ele havia falado para uma grande plateia, numa igreja bem próxima de onde estava hospedado. Seu discurso, histórico, causara um grande impacto positivo no público presente e ele estava feliz por isso.
Para conversar com um dos companheiros de luta na causa dos Direitos Civis, que estava hospedado ao seu lado, Martin Luther King Jr foi para a varanda do seu quarto, levou um tiro e se tornou imortal.
E o Hotel Lorraine se transformou em um personagem na história da Luta pelos Direitos Civis. O local se transformou no National Civil Rights Museum – o Museu Nacional dos Direitos Civis – passando a mostrar todos os outros cenários da cronologia do Movimento.
Em Memphis visitei o museu e, mais uma vez, como tem acontecido em cada parada que faço pela Trilha dos Direitos Civis, a experiência foi forte e surpreendente.
Lá estavam o letreiro e a fachada do hotel, rigorosamente preservados, exatamente como eram, em estilo e cores. Logo abaixo do quarto de Martin Luther King estão 2 carros da época, estacionados. O visual leva o visitante instantaneamente para o final da década de 1960.
Na sacada do quarto, uma coroa de flores é o adereço permanente. Obviamente é uma visão impactante, lembrando o local exato do assassinato.
Já a estrutura interna do hotel foi radicalmente modificada e é em seu interior que as surpresas se sucedem. Um museu moderníssimo, usando as mais novas tecnologias, conta a história de Luther King e a cronologia detalhada do Movimento dos Direitos Civis.
Além da fachada, a única parte do hotel que se manteve intacta foi o quarto onde Dr. King se hospedou. Ele foi colocado dentro de um cubo de vidro, o que dá ainda mais a ideia de uma cápsula do tempo.
Uma das camas está desarrumada, e há um jornal jogado displicentemente sobre a outra. O serviço de quarto parece ter acabado de chegar, com uma xícara cheia de café sobre a bandeja. O cinzeiro está entupido de tocos de cigarro e um copo d’água jaz eternamente ao lado da TV.
Mas é dentro do hotel que as surpresas se sucedem. Usando as mais modernas tecnologias, não apenas a história dos últimos dias de Martin Luther King, como toda a cronologia do movimento dos Direitos Civis é mostrada em detalhes.
O Museu Nacional dos Direitos Civis é um verdadeiro monumento, ao homem – Martin Luther King Jr – e a tudo e a todos a quem ele representa = a saga dos seres humanos deste planeta em busca de uma convivência harmoniosa. E é por isso que você precisa conhecê-lo.