A aventura do brasileiro Rivadávia Drummond, que percorreu de moto 3000 km pelo oeste dos Estados Unidos
Viajar é o momento propício para vivenciarmos o novo. Seja qual for o seu destino, o simples ato de sair da rotina, de se conectar com outras pessoas e com uma cultura diferente da sua, significa um momento de descobertas. Quando se trata de uma viagem de moto, além das descobertas, a aventura entra em cena. Pegar a estrada sobre duas rodas não é para qualquer um.
Preparo físico, logística e planejamento estão presentes durante todo o percurso, mas, como recompensa, o piloto ganha de presente uma experiência sensorial. Mesmo com todos os desafios, uma road trip prova que as estradas são inspiradoras, a ponto de muitos motociclistas afirmarem que o caminho é mais importante que o destino.
Sentir a cada segundo da viagem, o calor do sol ou o vento frio batendo de encontro ao peito, os aromas antes e depois de cada curva, ter uma visão panorâmica do mundo à sua frente é fonte de prazer quem gosta de pilotar. Viajantes como o brasileiro Rivadávia Drummond, que mora nos Estados Unidos e, além de ser um apaixonado por viagens, é fã de uma aventura em duas rodas.
Professor da WP Carey School of Business pela Arizona State University e membro do Conselho de Administração da Vitru Ltd (Nasdaq), Drummond mora em Phoenix, no Arizona (EUA). Em sua mais recente aventura, o Riva, como é conhecido pelos amigos, saiu de Phoenix, rumo à Costa Oeste percorrendo de moto cerca de 3.000 km, até chegar a San Francisco, na Califórnia.
Conversei com Rivadávia Drummond que compartilhou com a Travel3 suas experiências da road trip.
Caroline Tonaco – Riva, como surgiu a ideia de fazer esta viagem? E por que San Francisco?
Rivadávia Drummond – Há anos venho planejando e realizando diversos roteiros de moto pelos Estados Unidos. No ano passado visitei os estados do Colorado, Utah e conheci outros destinos do Arizona. Este ano decidi fazer Phoenix-San Francisco para rodar pela Highway 1, a famosa Pacific Coast Highway, que é considerada uma das mais cinematográficas estradas do mundo.

Uma viagem de moto exige uma logística mais apurada do que uma viagem de carro?
Uma viagem de moto exige mais atenção e preparo do que uma viagem de carro, mas basicamente os preparativos, para mim, já são uma rotina. Fazer uma completa revisão da moto; estudar os mapas e as diversas rotas; conhecer os postos de gasolina, restaurantes e hotéis do percurso. Um dos lados positivos é que as motos têm uma autonomia de 200 milhas (cerca de 300 km) nas estradas.

Você contratou algum tipo de consultoria?
Não tive nenhum tipo de consultoria, pois já faço esse tipo de viagem há anos.Mas recomendo a consultoria caso o viajante não tenha experiência nesse tipo de roteiro. É muito importante, por exemplo, conhecer rotas alternativas, os vários locais de abastecimento possíveis e os pontos críticos do trajeto. Viajar com segurança é fundamental para a viagem ser bem-sucedida e se tornar uma experiência positiva e inesquecível.

E que rota você escolheu para chegar a San Francisco?
Minha rota original seria passar por alguns Parques Nacionais dos Estados Unidos, como o Death Valley, o Vale da Morte, o Sequoia National Park, o Yosemite National Park e o belíssimo Lake Tahoe, além do retorno pela HWY 1. Mas por causa da COVID-19 fizemos alterações e encurtamos a viagem.
Quem te acompanhou nesta viagem?
Viajei com um colega de universidade, o Luiz Mesquita, também brasileiro, e com quem já estou planejando os próximos roteiros.

Você consegue destacar alguns pontos altos do percurso?
O ponto alto da viagem foi a HWY 1. Pilotar pela costa do Pacífico, indo de San Francisco a Los Angeles, oferece paisagens maravilhosas, uma sensação de liberdade única. Parece que você está criando o seu filme pessoal. E ainda há o adicional de conhecer cidades super charmosas, como Carmel by the Sea e apreciar a culinária dessa região que muitas vezes oferece alta gastronomia.

Você enfrentou algum contratempo ou dificuldade pelo caminho?
O ponto crítico da viagem foi a travessia do Death Valley. Fomos pegos de surpresa pela temperatura que subiu expressivamente. Na parte baixa do Vale da Morte ela chegou perto dos 50ºC. Alguns postos de gasolina, onde planejamos o reabastecimento, estavam sem gasolina. Por isso é importante ter sempre um plano B e C para cada item do roteiro.
E uma dica para os brasileiros que querem fazer o mesmo percurso: as regiões metropolitanas de San Francisco e Los Angeles merecem atenção redobrada. Além do trânsito ser intenso e os congestionamentos nas estradas serem uma constante, é preciso pilotar com muita atenção. As principais freeways têm entre 5 e 6 pistas com pedágios e quando não há congestionamento os carros trafegam em alta velocidade.
E você já tem em mente um destino para a sua próxima viagem de moto?
Já estamos nos preparando para fazer toda a extensão da Rota 66, em agosto deste ano. Para 2022 queremos visitar alguns parques nacionais canadenses e chegar até Banff e Jasper, na Costa Oeste do país. Em 2023 tudo indica, até agora, que iremos de moto até o Alasca.

Qual a dica imprescindível você compartilha com nossos leitores viajantes?
Como disse no início, planejamento é fundamental. Para realizar trajetos com segurança, é preciso investir em tempo de estudo para criar um roteiro tendo planos A, B e C. Assegure-se sempre que sua moto está revisada e leve com você equipamentos como um calibrador de pneus, um carregador de bateria e água/isotônico em um cooler.
E para finalizar nosso bate-papo: Valeu a pena? Faria novamente?
Se valeu a pena? Viajaria novamente amanhã se tivesse agenda!