O país tem as mais famosas rotas do mundo para os esportistas
A palavra trekking vem de trekken. Ela foi cunhada na África do Sul pelos povos nômades. Seu significado é jornada longa e difícil, feita a pé. No Nepal, ela começou a ser usada rotineiramente a partir dos anos 1960. Foi quando o país, localizado ao Sul da China e ao Norte da Índia, virou reduto de turistas em busca de novas experiências. Nessa época, o trekking já era tratado como uma modalidade esportiva que mistura viagem com aventura. O Nepal continua sendo, até hoje o destino mais desejado pelos praticantes.
Os roteiros de trekking no Nepal são considerados os melhores do mundo, por várias razões
O Nepal possui o relevo mais radical do planeta, saindo de planícies que estão praticamente ao nível do mar até chegar à majestosa cordilheira do Himalaia.
Só no Nepal, estão os 10 mais altos picos do mundo, incluindo o número 1, o Everest, com 8.848m.
Um trekking pelos vales verdejantes, tendo como pano de fundo as altíssimas montanhas, propicia uma espetacular visão da diferença de escalas e faz o viajante se emocionar diante do cenário grandioso.
Ao contrário de outros países, onde a prática é desenvolvida em parques naturais isolados, no Nepal o viajante caminha constantemente por trilhas. Elas já estavam ali há centenas de anos, ligando um vilarejo a outro.
O relevo é hostil, o que impossibilita a circulação de veículos. Para percorrer esse território, só mesmo montado em lombo de burro, de iaque, a bordo de um helicóptero ou… caminhando.
Fazer um trekking na Morada das Neves (tradução, do sânscrito para o português, de Himalaia), é o sonho dos viajantes que estão em busca de desafios, contados com a natureza e um cultura e geografia radicalmente diferentes do padrão.
A rotina de um trekking no Nepal
O dia a dia de um trekking é sair bem cedo de um pequenino povoado para chegar, antes do anoitecer, em outro. O caminhante descansará e pernoitará para começar tudo de novo no dia seguinte. O contato com a cultura exótica e a observação de diversos grupos étnicos são também atrações instigantes. Um verdadeiro presente para o turista, que será recebido com extrema hospitalidade pelos nativos. Durante o período do trekking, o viajante conhecerá detalhes dos costumes locais, assistirá a rituais religiosos e, dependendo da época do ano, até participará de festividades em plena montanha.
O grande número de rotas e a variedade do grau de dificuldade de cada uma é outra vantagem, já que possibilita o acesso de amadores, até os atletas profissionais. Ambos estarão em busca de desafios adequados à sua capacidade.
Os roteiros mais fáceis têm a duração de 2 ou 3 dias e não chegam a atingir grandes altitudes. Os intermediários duram a partir de 1 semana e podem levar o caminhante a uma altitude de até 4.000 m. Para os experts, existem trekkings com meses de duração ou aqueles que, num percurso extremo, chegam aos acampamentos localizados na base de grandes montanhas, como as da região dos Annapurnas ou o próprio Everest.
A melhor, a pior e a época ideal para fazer um trekking no Nepal
A melhor época para fazer um trekking pelas montanhas do Nepal vai de outubro a maio, durante o inverno, período mais seco do ano. Já a pior é a das monções e da umidade excessiva, que inclui os meses de junho a setembro, no verão. O período ideal é uma janela que se abre a partir da 2ª quinzena de outubro, até o fim de novembro.
A temperatura já caiu, porém permanece confortável. A atmosfera está mais seca e, graças às chuvas, o ar está limpo, deixando a visibilidade perfeita para ver e fotografar as grandes montanhas mais distantes. Dezembro, janeiro e fevereiro são também excelentes meses para caminhar, mas o frio pode prejudicar quem deseja alcançar maiores alturas, como chegar ao acampamento base do Everest. Também nesse período, alguns trechos do Circuito Annapurna estão bloqueados pela neve.
Não se recomenda caminhar em junho. O terreno fica escorregadio, a umidade atinge níveis insuportáveis e, para completar, essa é a estação de reprodução da jukha – ou, em bom português, das sanguessugas, que infestam as trilhas.
Escolhi fazer uma caminhada de nível intermediário
O trekking que escolhi fazer teve 8 dias de duração. Éramos 10 pessoas. Um grupo formado por australianos, britânicos e 2 brasileiros. Depois de nos ambientarmos alguns dias na capital, Katmandu, voamos para Pokhara, 3ª maior cidade do Nepal. Depois de um almoço leve partimos montanha acima.
Já nos primeiros metros, a subida impressionou pelo grau de dificuldade. De tempos em tempos, parávamos para beber água e repor as energias. Cerca de 2 horas mais tarde fizemos um intervalo maior, para o guia socorrer as 2 australianas. O motivo era simples. Com o intuito de estocar energia, elas comeram muito na hora do almoço e nos deram a primeira lição do trekking: nunca faça refeições muito grandes ou pesadas. Prefira comer com mais frequência e tenha sempre frutas, chocolates ou barras de energéticos à disposição.
A caminhada do 1º dia durou 5 horas
Ao final do 1º dia vencemos uma altitude de 870 m e, como recompensa, chegamos a um vilarejo com meia dúzia de casinhas. Chamado Dhampus, lá estava ela aconchegado entre as montanhas do Himalaia. Ali tive a 2º lição do dia: os cenários mais bonitos estão justamente na região dos vales. Eles permitem ao turista enxergar a impressionante variedade de escalas entre os picos altíssimos ao fundo, os vales e os abismos ao redor.
Passamos a noite na Sakura, nossa primeira tea house – nome dado às pousadas muito simples que oferecem abrigo para os visitantes. Meu quarto era o mais espartano possível. Piso de cimento, parede de tijolos caiados de branco, mesinha de cabeceira, um estrado e um colchonete – sobre o qual estendi meu saco de dormir, item imprescindível para a viagem. Somente nos dias posteriores me dei conta de que a única tomada de energia daquele quarto era um artigo de luxo, que desapareceria à medida que subíssemos a montanha.
Antes de o sol nascer, no 2º dia de trekking
Ainda na madrugada escura, tomamos um café da manhã revigorante e ficamos prontos para o 2º dia de caminhada. Foram 7 horas de subidas puxadíssimas, que nos levaram à aldeia de Tolka. Dessa vez, porém, o que fez perdermos o fôlego foi a beleza da paisagem. Vales profundos, picos impressionantemente altos, a neve eterna em contraste com o céu muito azul e, aqui e ali, cercavam aldeias que pareciam saídas de um livro de história medieval. As casas eram de pau-a-pique cobertas com folhas secas. Adultos e crianças usavam roupas típicas e manejavam instrumentos primitivos. Definitivamente, era como se o tempo tivesse deixado aquele lugar de lado.
O 2º dia marcou o início do nosso contato diário com as sanguessugas que, por questões climáticas, mesmo em outubro, continuavam bem vivas e presentes em todos os lugares. Diariamente éramos vítimas de várias mordidas do bichinho, mordida esta indolor. Mais uma vez, na prática, aprendemos que a saliva da sanguessuga tem, além de um anestésico, um anticoagulante.
Depois de conseguir desgrudar o bicho da pele, a preocupação é limpar o local do ferimento e tentar estancar o sangue, que não para de correr. Situações como essas podem ser comuns e devem ser encaradas como incluídas no pacote, assim como as chuvas fora de ocasião que podem cair. Isso aconteceu no fim do 2º dia, quando enfrentamos uma tempestade que durou 24 horas e se estendeu durante todo o 3º dia de aventura.
Na madrugada do 3º dia nos despedimos de Tolka
Descemos cerca de 3 horas, direto para o fundo do vale. O sol nascia no momento em que íamos atravessar uma atração. Era uma daquelas pontes intermináveis, feita com cordas e tábuas de madeira – uma icônica ponte de filmes de aventura. Como não podia deixar de ser, a ponte pairava sobre um abismo fenomenal, que transformara o rio caudaloso lá embaixo num risco fino, de traçado tortuoso.
Mesmo com o esforço físico de atravessar uma sucessão de abismos debaixo de chuva, pisando em terreno escorregadio, e vencer a subida seguinte sob uma temperatura bem alta para a estação, conseguimos manter o bom humor. Tudo graças ao Machhapuchhre, o pico sagrado dos nepaleses, que surgiu do meio das nuvens e passou a nos observar, das alturas. 7 horas de caminhada mais tarde e meu 3º dia no coração do Himalaia se encerrou numa pousada ainda mais simples, da aldeia de Ghandruk. Não havia chuveiro ou eletricidade, mas sobrava uma imensidão de picos, que se sobrepunham no horizonte.
Debaixo de outra tempestade começou o 4º dia
Começamos atravessando uma floresta fechada, numa caminhada que se tornou – por causa da chuva – muito mais difícil, lenta e – por causa das sanguessugas – desconfortável. Concluí que me enganara ao pensar ter sido o 3º dia de trekking o mais difícil de todos. Em compensação, aquela era a floresta mais bonita que eu já tinha visto na vida.
Lá íamos nós, tentando lidar com a umidade excessiva, que nos deixava molhados debaixo das capas de chuva. Restava escolher entre ficar ensopados por causa da chuva ou do calor. Foi aí que me lembrei de um ditado que diz: melhor do que ontem, pior do que amanhã.
Durante um trekking, é preciso saber que, fisicamente, estaremos sempre piores do que ontem e melhores do que amanhã. Mais uma lição: um bom preparo psicológico passa a contar a partir da metade do percurso. Para clarear a mente, saiba exatamente o que uma viagem como essa exigirá de você, antes de realizá-la.
O que significa fazer um trekking no Nepal
Um trekking no Nepal mistura a aventura de chegar ao topo do mundo com a emoção de ver, ao seu redor, um dos mais incríveis cenários do planeta. Se você sonha em fazer uma caminhada pelo Himalaia, há detalhes importantes que devem ser levados em conta. O 1º é o condicionamento físico. Não é preciso muito empenho, mas disciplina, para seguir um treinamento pré-viagem. Ele inclui caminhar em média 7 km por dia, pelo menos 4 dias por semana, durante pelo menos 4 meses.
Definitivamente esta viagem está longe de ser classificada como comum. Principalmente para quem fará sua estreia nas montanhas, a regra básica é se preparar para conviver com a simplicidade. As pousadas chegam a ser precárias. Entretanto, não há casos extremos (leiam-se muito sujos, sem qualquer tipo de higiene).
O que faz a diferença em um trekking no Nepal
Caberá ao viajante levar consigo o equipamento completo que lhe possibilite pequenas alegrias durante o período do trekking. É bom sempre ter em mente que, no meio de uma aventura como essa, os equipamentos certos – ou a falta deles – fazem uma grande diferença. Servem como exemplo as meias que você estiver calçando. E o mp3 carregado de músicas que combinem com a atividade. As muitas barras de chocolate para devorar pelo caminho. E o walking stick, o bastão de apoio para a caminhada. A qualidade dos artigos e acessórios é fundamental para o êxito da empreitada.
Não é necessário se preocupar em levar pastilhas de purificação de água. Nesse quesito, o trekking no Nepal evoluiu. Pelo caminho se encontra, o tempo todo, vendedores de água e refrigerantes. A diferença está no preço, que aumenta, obviamente, à medida que se sobe a montanha. Contudo quando você estiver concentrado em vencer mais uma etapa da subida e for ultrapassado por um nepalês ou nepalesa, descalço, carregando um cesto enorme, cheio de garrafas, preso por uma faixa atada à testa, entenderá que saciar a sede com aquela água não tem preço.
Arrumar a mala para um trekking no Nepal já é uma aventura
Bota de caminhada =à prova d’água, específica para terreno montanhoso.
Sandália tipo papete =para a hora do descanso.
Meias =de ótima qualidade, específicas para trekking, que aderem aos pés e impedem a formação de bolhas.
Calças =de tecido leve, com bolsos, de preferência suplex.
Camisetas =em tecido que ajuda na transpiração.
Chapéu =de tecido leve, sem armação e impermeável – ou suplex (permeável).
Bandanas = tem 1.001 utilidades.
Óculos escuros =para proteger do sol e vento.
Calça e blusa térmica =para o frio e grandes altitudes.
Abrigos =para proteger do frio, vento e chuva.
Bastão para caminhada (walking stick) =para absorver impactos e aliviar a carga.
Mochila =específica para o trekking, de ótima qualidade e com sistema de distribuição da carga.
Capa de chuva =para o corpo e a mochila.
Lanterna de cabeça =resistente, com lâmpada de boa qualidade e mínimo de vedação.
Lenços umedecidos =para os dias sem banho.
Alimentos =barras de chocolate + barras de energia + castanhas + sopa desidratada + café solúvel + sucos em pó + biscoitos + etc.
Tenho interesse em outubro de 2020
Olá Jeremias! Vamos colocar vc em contato com um especialista.