Exposição traz mais de 30 anos da trajetória da artista, em mais de 40 obras
Até dia 6 de abril a Pinacoteca de São Paulo abriga a exposição Marcia Pastore : contracorpo. Nela, o público pode conferir 40 obras da artista, que trazem quase 3 décadas de sua trajetória. Nas obras da artista paulista, a arquitetura e as artes plásticas se unem de modo a representar as relações entre força, matéria e espaço de forma poética.
As esculturas de Pastore trazem materiais extremamente diversos. São obras de borracha, gesso, ferro e tantos outros materiais esculpidos conforme as mais diversas técnicas. Entre as obras, há aquelas feitas conforme práticas tradicionais e também esculturas fabricadas com técnicas de moldagem inovadoras.
A artista explora em suas obras a interação dos materiais com o local de exposição. Para isso, faz uso da combinação de elementos da engenharia civil com práticas artísticas. Como resultado, as esculturas que trazem a impressão de que algo está prestes a acontecer.
Obras inéditas em exibição
Os visitantes poderão conferir quatro trabalhos inéditos, concebidos especialmente para a exposição. E a obra Peso contrapeso, apresentada pela primeira vez na Funarte, em 2012, representa perfeitamente a integração das obras de Pastore ao próprio local de exibição.
Para a instalação da obra, a artista abriu janelas no forro do teto do museu. Assim, os cabos que sustentam o trabalho foram pendurados no cruzamento dos caibros e das tesouras que desenham o telhado. Desse modo, o trabalho é sustentado diretamente pela estrutura do edifício, ao qual se integra completamente.
Era necessário que esse jogo se desse com as forças estruturais arquitetônicas do lugar.
Marcia Pastore
A distribuição das peças no espaço foi elaborada de modo a abordar uma sequência cronológica. Essa distribuição foi projetada pela própria Marcia Pastore e pela curadora Ana Maria Belluzzo.
O que se pretende destacar na mostra é a forma como a artista realiza o manejo do corpo da obra, que se encontra em situação de interdependência com meio no qual se localiza, tornando instigante o momento de equilíbrio e de sustentação de cada peça no espaço.
Ana Maria Belluzzo
E algumas obras trazem o equilíbrio entre matéria e espaço em seu limite. É o exemplo de Risco (2013), em que vários tubos trazem uma ponta com grafite e uma ponta seca. Cada um deles é posicionado apoiado no chão e na parede, sustentado unicamente pelo atrito entre ponta seca e chão.
Alguns tubos estão quase deitados. É muito impressionante continuarem parados. Eu levo os trabalhos a esse limite: é até aqui que ele aguenta ficar de pé, é aqui que ele vai ficar. Não deixo uma margem de segurança, essa iminência do movimento ou do perigo deixa tudo em suspensão
Marcia Pastore
Mais sobre Marcia Pastore
Nascida em São Paulo, em 1964, Marcia Pastore já participou de inúmeras exposições nacionais e internacionais. Aos 16 anos, ela começou a trabalhar em uma marcenaria que desenvolvia projetos de móveis para decoração.
Eu acompanhava toda a execução, desde o desenho ao desenvolvimento do produto. Isso começou a me dar uma experiência sobre o comportamento dos materiais e os recursos que eu podia tirar deles
Marcia Pastore
Suas obras estão em coleções diversas, grande parte em sua cidade natal. Estão, por exemplo, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, na Pinacoteca Municipal de São Paulo e no Museu de Arte Contemporânea da USP. Também se encontram no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto.