Em entrevista exclusiva, César Nunes, VP de Vendas & Marketing da rede avalia 2021 e adianta metas e novidades para 2022
A Atrio Hotel Management é uma administradora especializada no desenvolvimento, implantação e operação de propriedades hoteleiras por todo o Brasil. Há quase 34 anos no mercado, possui um modelo de negócios que associa bandeiras internacionais a uma gestão focada no retorno para o investidor + manutenção do patrimônio.
A empresa administra hotéis na Bahia + Ceará + Espírito Santo + Mato Grosso + Minas Gerais + Pará + Paraná + Rio Grande do Sul + Rio de Janeiro + Roraima + Santa Catarina + São Paulo + Tocantins. São mais de 70 empreendimentos associados à bandeiras nacionais e internacionais. Vale saber que a Atrio Hotel Management é a maior franqueada da rede francesa Accor no Brasil.
Nessa entrevista exclusiva para a Travel3, César Nunes, vice-presidente de vendas e marketing da rede, conta como a Atrio superou os desafios da pandemia e adianta as metas da marca para 2022.

Caroline Tonaco – César, durante a pandemia a Atrio Hotel Management apresentou números positivos, em contramão ao resto do setor. Como você avalia esse crescimento?
César Nunes – A razão do aumento da nossa demanda durante a pandemia é bem clara. Somos uma empresa que há 34 anos trabalha de maneira extremamente profissional e nossos números mostram os excelentes resultados desse trabalho. E a crise, para nós, significou novas oportunidades de crescimento.
Durante a pandemia abrimos 4 hotéis = Florianópolis + Ponta Grossa + São José, na grande Florianópolis + Porto Alegre. E acrescentamos ao nosso portfolio + 12 hotéis que já existiam, mas eram propriedades que davam um baixo retorno para o investidor.
O nosso modelo de negócios está alinhado com o investidor, já que, graças a ele, é possível construir e desenvolver os conceitos das respectivas bandeiras agregadas ao negócio. Assim, a Atrio só é remunerada em cima do percentual de rentabilidade do empreendimento.
Em resumo, a razão do nosso sucesso é trabalhar com foco na eficiência do negócio. Em outras palavras, aumentar a receita e diminuir o custo, mas sempre mantendo a qualidade.
Imagino que manter a qualidade é um exercício diário para a indústria da hotelaria
Exatamente! É muito fácil falar em reduzir custos e aumentar a receita, mas se você não investir na qualidade, nada acontece. Não adianta eu simplesmente fazer um aumento de receita, porque se a qualidade não estiver boa, eu não me mantenho. Para você ter uma ideia, a nossa equipe de gerentes tem uma meta de qualidade bem alta, o que causa um impacto positivo no nosso crescimento. Estamos sempre atentos às notas de nossos empreendimentos nas plataformas relacionadas, como Booking e Trip Advisor. Na nossa área de operações, que é comandada pelo Paulo Mélega, buscamos fortemente pela qualidade dos empreendimentos.

E que tipo de investimento foi feito nesses 2 últimos anos de pandemia?
Fizemos um alto investimento em tecnologia. No início da pandemia, em 2020, ficamos quase 3 meses com todos os hotéis fechados. Durante esse período aproveitamos para dar um upgrade em todos os Wi-Fi dos hotéis. Com o início das reuniões remotas, via Zoom, por exemplo + o aumento dos streamings para assistir seus filmes ou série preferida, o consumo de internet dentro dos hotéis aumentou consideravelmente.
E quando os hotéis foram reabertos, estávamos preparados. Hoje, estamos com cerca de 50 dos nossos 71 hotéis com um novo e eficiente padrão de internet. E, os que faltam, já estão mapeados e até a virada do semestre de 2022 acredito que conseguiremos finalizar todos os empreendimentos e estaremos bem à frente da concorrência. Então hoje a nossa meta de qualidade para a internet tem que ser 9/10 como nota mínima. Obviamente quem dará essa nota é o hóspede e nossos investimentos em tecnologia estão garantindo esta qualidade.
Vocês também aproveitaram esse momento para criar 2 novas empresas, a Livá e a Xtay. Qual o conceito de cada uma?
No caso da Livá, estamos acompanhando o crescimento dos resorts de múltipla propriedade = resorts compartilhados, que está explodindo no Brasil. Sentimos que faltava uma administração especializada para esse segmento. Normalmente, quem está desenvolvendo o projeto também está operando, apesar de não ser do meio. Foi aí que vimos uma oportunidade de ocupar esse nicho. Com 34 anos de estrada, tínhamos o know how hoteleiro mas conhecíamos pouco sobre o modus operandi da múltipla propriedade.
Então contratamos uma equipe de especialistas no segmento para criar a Livá e já estamos administrando 2 resorts. Um deles é o Lagoa Eco Towers, em Caldas Novas. Também assumimos a gestão do Capivari Eco Resort, na Grande Curitiba. A Livá é essa empresa que tem como proposta ajudar na gestão desse tipo específico de resort.
No caso da Xtay, notamos o crescimento da oferta de apartamentos estilo studio. O conceito dos espaços otimizados com serviço é uma tendência mundial. Só em São Paulo estima-se que abrirão 20.000 unidades até o final de 2023. Novamente, percebemos um nicho que estava ligado ao tipo de serviço oferecido por nós. A XTay foi criada para oferecer o know how da Atrio Hotel Management para essa proposta de moradia com lifestyle.
É importante também ressaltar que a XTay também trabalha com empreendimentos como os hotéis eletrônicos. Um bom exemplo é o Atrium Pedra Branca by XTay, que fica na Grande Floripa. Ao chegar, o hóspede faz o check-in + aciona o elevador + abre a porta do quarto + solicita e agenda serviços usando um aplicativo. Os hotéis eletrônicos são outra tendência para um tipo de hóspede que quer ter liberdade e privacidade.
Depois de tantos investimentos, já é possível avaliar alguns resultados?
Estamos indo bem. Tivemos um começo de ano bom. No 1º trimestre de 2022 tivemos cerca de 97% do orçamento realizado. Olhamos para frente e vemos boas perspectivas. Este será um ano positivo, pois a retomada está sendo muito forte.

Dentro desse cenário, quais são as metas da Atrio para 2022?
Temos como meta crescer 10% acima de 2019. É uma meta ousada, porque se você conversa com o segmento da hotelaria, a meta média é atingir 80, 90% dos números pré-pandemia. Aí pensamos: vamos puxar pra cima, porque há uma demanda muito reprimida.
Para mim esta acontecendo o que chamo de o Woodstock do turismo As pessoas querem viajar, aproveitar e sentir a liberdade de ir e vir. Todos se consideram sobreviventes de um período difícil e agora é o momento de celebrar, vivendo e viajando bem.
César Nunes = Vice-Presidente de Vendas & Marketing da Atrio Hotel Management
Além da tecnologia, outra tendência da hotelaria mundial é investir em sustentabilidade. O que a Atrio tem feito nesse sentido?
Há 5 anos a Atrio começou a investir em energia limpa que vem, basicamente, da energia solar. Na booking, existe um selo de hotel sustentável, e hoje, todos os nossos hotéis já possuem esse selo.
Já o neutro carbono é um movimento radical, e é uma ação certificada. Temos 2 hotéis em Santos, o Ibis Valon e o Novotel, com emissão neutra de carbono. Atualmente, segundo pesquisa feita por nós, esses são os 2 únicos hotéis no Brasil com emissão zero de carbono. E é esse o modelo que queremos replicar nas demais propriedades.
Sim, essa é outra tendência. As grandes empresas e os próprios hóspedes querem fazer negócios com empresas limpas. A Atrio está trabalhando para ter, o mais breve possível, 100% dos nossos hotéis trabalhando com emissão 0 de carbono.