Novos dados indicam intensa desaceleração do mercado, mas prevêem retomada ainda em 2020
Em nova pesquisa, a Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas = ALAGEV analisa o impacto sentido pelo turismo em meio à pandemia de Covid-19. O estudo foi realizado entre 17 e 20 de março, e atualiza dados coletados entre 3 e 6 deste mês. Embora o resultado mostre uma forte desaceleração no mercado, os gestores ouvidos acreditam em uma recuperação ainda neste ano.
Ao todo, a associação entrevistou 309 profissionais, entre gestores de eventos + fornecedores + gestores de viagem.
Optamos por reaplicar a pesquisa junto ao setor para ter um termômetro mais realista do impacto e para que, a partir das respostas, possamos também ter o papel de agente transformador no sentido de orientar e debater caminhos viáveis do segmento.
Eduardo Murad – Diretor Executivo da ALAGEV
Gestores de eventos informaram grande número de cancelamentos
Em comparação com a pesquisa do início do mês, o estudo mais recente indicou um crescimento de 37 % nos cancelamentos. Além disso, todos eventos antes não afetados, que eram 39% no antigo estudo, sofreram cancelamentos ou mudanças nessas 2 semanas. Europa + Ásia continuam sendo os destinos mais afetados, seguidos de América do Norte e Central, Brasil, demais países da América Latina e África.

Outro dado que se alterou muito foi o número de cancelamentos de participação em eventos. As empresas que deixarão de participar de qualquer evento, que antes eram 13%, agora são 94%.

O índice que mede o impacto do Coronavírus para as empresas que realizam eventos também registrou um forte crescimento. Se no início do mês as companhias significativamente afetadas eram 32%, elas agora são 85%.

Apesar disso, os meeting planners seguem confiantes na rápida recuperação do setor. Aproximadamente 42% deles apostam que os eventos serão retomados completamente a partir do 3º trimestre, e 36% acreditam que a recuperação será ainda no próximo trimestre.

Fornecedores sofrem com cancelamento total de viagens
Neste momento tão delicado, o adiamento de viagens é preferível em relação ao cancelamento total. Porém 86% dos fornecedores ouvidos na mais recente pesquisa da ALAGEV informaram que foram afetados pelo cancelamento total de viagens. O número representa uma forte alta quando comparado aos 27% registrados no início de março. Além disso, entre as 2 pesquisas, as viagens que não haviam sofrido com cancelamento foram de 10% para 1%.

Ainda de acordo com os fornecedores entrevistados, 45% dos clientes alteraram suas políticas. Desse modo, para viajar, o colaborador precisa de uma pré-autorização do gestor para realização de viagens. Ao mesmo tempo, são 29% os que necessitam de pré-aprovação da área de segurança, bem-estar ou medicina do trabalho para viajar; apenas 26% não sofreram com alterações.
Entrevistados em relação aos eventos, os fornecedores também informaram um grande número de alterações. Para 49% dos clientes de fornecedores os eventos foram cancelados, enquanto 36% postergaram a ação e 15% cancelaram parcialmente. Na nova pesquisa, cresceu muito o cancelamento de eventos no Brasil – principalmente quando comparado aos outros destinos.
Outro dado que se destacou foi a percepção do impacto da pandemia nas atividades. Para 96% dos fornecedores, o Covid-19 teve um impacto significatino nas atividades – no início do mês, esse número era 55%.
Mas assim como os gestores, os fornecedores entrevistados também acreditam em uma recuperação ainda em 2020. Entre eles, apenas 2% acham que a recuperação ficará para o próximo ano.
Gestores de viagens também observaram maior impacto
A pesquisa da ALAGEV ouviu gestores de viagens, que também indicaram um grande número de cancelamentos. 79% das viagens corporativas foram afetadas, ante 14% da pesquisa anterior. Contabilizando cancelamentos totais e parciais, apenas 1% das viagens não foram prejudicadas. Nesse caso, o Brasil, que não aparecia na pesquisa de destinos mais afetados realizada no início de março, passou a ter 32% do total mundial de cancelamentos.

Políticas de viagem também foram alteradas: agora, 45% das empresas precisam da pré-aprovação do gestor, enquanto em 18% as viagens só são permitidas com pré-aprovação da área de segurança, bem-estar ou medicina do trabalho.
Ainda assim, os gestores seguem confiantes na rápida recuperação: apenas 3% acredita que a retomada total de viagens acontecerá só em 2021.

Estamos atentos às mudanças e medindo diariamente os impactos em nosso setor por meio de conversas e debates com nossos associados. Temos o compromisso de buscar junto a eles caminhos viáveis para sairmos fortalecidos desse momento crítico. E para isso, incentivamos as boas práticas entre todos os elos da cadeia, de forma que um possa suportar o outro e traga sustentabilidade ao setor.
Eduardo Murad – Diretor Executivo da ALAGEV
Home office + antecipação de férias + redução da carga horária são algumas das medidas imediatas adotadas pelo setor para combater a crise sem gerar desemprego. O uso de tecnologia, com vídeos + teleconferências, também tem sido essencial.