Dicas para você criar um roteiro e curtir o melhor da região
Rios cor de chá, aromas florais, cheiro de mato e chuva. Barulho das correntezas, estrondosas quedas d’água e um ruído de vento cortando as pedras. A Bahia é muito mais do que sol, mar e belas praias. Sua rica geografia criou a Chapada Diamantina, uma profusão de grutas, cachoeiras e monumentais formações rochosas.

Na Chapada Diamantina a aventura começa numa estrada de terra
Distante 430 km de Salvador a Chapada Diamantina tem como portão de entrada a cidade de Lençóis e a maioria dos turistas acaba transitando em sua órbita. Porém, para dar um mergulho profundo pela região é preciso seguir caminho. O roteiro deve incluir o lado B da Chapada, ainda não muito conhecido, que expõe cidades imprescindíveis como Igatu + Andaraí + Itaetê + Mucugê. Com um número incontável de atrações naturais, viajar pela Chapada é uma recomendação para turistas de todas as idades. O único requisito para embarcar nessa aventura é ter apenas juventude na alma.

Uma paisagem como nenhuma outra do Brasil
O nome Chapada Diamantina designa uma área localizada no centro-oeste baiano, com uma extensão de 84.000 km². No dia 17 de setembro de 1985 foi criado o parque nacional da Chapada Diamantina. Com uma área de 152 mil hectares, compreende os municípios de Andaraí, Palmeiras, Ibicoara, Mucugê e Lençóis.
São 110 km de planícies + serras + lagos + rios + cachoeiras + grutas + cavernas, cobertos por uma vegetação colorida e diversificada, composta de gigantescas bromélias, orquídeas das mais exóticas, cactos e até mesmo matas fechadas onde podem ser encontradas onças-pintadas, veados e capivaras. O parque não está aberto à visitação, mas a área que o rodeia possui as mesmas características exuberantes do território preservado.

A ascensão, a queda e a ascensão da Chapada
Em 1820 os naturalistas alemães, Spix e Martius descobriram no interior da Bahia grandes jazidas de diamantes. Aventureiros de todos os tipos passaram a chegar para testar a sorte nos garimpos. Até hoje, caminhando pelas trilhas ecológicas da Chapada, pode-se avistar antigos refúgios ou locais de acampamento dos garimpeiros.
Fundada em 1844, Lençóis guarda traços de uma nobreza fugaz, que desapareceu junto com o brilho que brotava da terra. Ficaram os imponentes sobrados, os lampiões de ferro trabalhado e as ruas com calçamento de pedras. Na década de 70 um outro tipo de aventureiro começou a chegar, dessa vez a procura das alucinantes paisagens, ideais para os estados contemplativos.
Aos poucos os nativos da Chapada vislumbraram um novo ciclo de riquezas. Ao contrário das atividades extrativas do garimpo que destroem o meio-ambiente, poderiam criar um período de prosperidade e ao mesmo tempo preservar o rico tesouro natural. Nascia assim o turismo na Chapada. O visitante encontrará hoje, na chapada, charmosos hotéis e pousadas, restaurantes típicos de incontestável qualidade e um serviço de apoio para conduzi-los às regiões mais remotas com segurança e conforto. Tudo o que um turista pode desejar.

Na Chapada Diamantina descubra as nuances da natureza
É a partir de Lençóis que tem início a viagem para descobrir as surpresas da Chapada Diamantina. O percurso atravessa um dos mais belos trechos da região, exibindo cartões postais fundamentais. A imponente Serra do Sincorá é o pano de fundo das majestosas formações rochosas que surgem abruptamente depois de cada curva da estrada. Instigando a imaginação do viajante, se transformam em camelos, taças e até em seios de mulher. Localidades como Igatu + Andaraí + Itaetê + Mucugê são essenciais para quem quer conhecer todas as nuances da Chapada.

Imperdível é conhecer o Cemitério Bizantino de Mucugê
Em Mucugê, a 150 Km de Lençóis, está sediado o projeto Sempre Viva, um laboratório botânico que estuda meios de preservação de plantas nativas como a Sempre Viva, espécie endêmica da região. Também de Mucugê sai o trekking para o vale do Pati, considerado um dos melhores do mundo. Quem gosta, pode experimentar o banho numa dezena de cachoeiras como a Piabinha, Tiburtino, Andorinhas e Cachoeirão.
A cidade parece ter sido cuidadosamente arrumada para dar boas vindas ao viajante que não pode deixar de conhecer sua maior atração urbana – o cemitério bizantino, único das Américas. Tombado pelo patrimônio, é datado do século 18. Está localizado às margens da cidade e resguardado por um impressionante paredão de pedra. Se possível, visite-o pela manhã e à noite, quando a iluminação confere um aspecto solene ao lugar.

Seguindo as trilhas de Andaraí
De Lençóis até Andaraí são 144 km. O conjunto arquitetônico revela as moradas dos então barões do diamante. Ponto de encontro dos turistas que gostam de natureza, de lá nascem trilhas que podem ser vencidas à pé ou à cavalo, de carro ou bicicleta. O caminho de pedras foi feito na época do ciclo do ouro, uma extensão da histórica Estrada Real.
Um dos cartões postais da Chapada repousa silencioso numa gruta escondida no meio do caminho. É o poço Encantado. O deslumbramento vem de um raio de sol que invade o local e faz explodir de luminosidade as águas de um lago azul e cristalino. Pela posição do sol, os meses de junho e julho, das 10h às 12h30, são o melhor período para observar o efeito da luminosidade resplandecendo na escuridão.

Xique-Xique do Igatu é chamada de Cidade Fantasma
De todas as cidades que o viajante encontra pelo caminho, a mais singular é a pequena Igatu. Durante o ciclo do Diamante, ainda batizada como Xique-Xique do Igatu, chegou a ter quase 10 mil habitantes. Com o declínio do garimpo, foi abandonada e hoje, com 380 moradores é chamada de Cidade Fantasma. Igatu é preciosa. A sugestão é se hospedar pelo menos por uma noite, para descobrir as sutilezas locais, como uma galeria de arte em pleno sertão baiano. Sugestivamente chamada de Arte & Memória poderia estar em qualquer cidade grande, o que aumenta o contraste de estar ali, em Igatu, a igrejinha, o cemitério e o bairro fantasma.

A galeria conta um pouco da história local, mostrando em vitrines de vidro ao ar livre, peças de época, ferramentas e utensílios usados pelos garimpeiros. Em seu interior abriga sala de exposição, loja de souvenir e um café. Um verdadeiro achado, um prêmio para quem soube garimpar as ruas de Igatu.
