Porque fotografar cada vez mais, tem tudo a ver com viagem
Hoje é o dia mundial da fotografia. Seja pelo celular ou pela cada vez menos utilizada máquina fotográfica, clicar todo e qualquer tipo de cena se tornou quase uma obsessão. Isso acontece, obviamente, desde o advento das mídias sociais. Quem viaja e não faz fotos para publicar no Instagram, não vive neste planeta.
Dito isso, devo confessar que eu não gosto de fotografar. Só o faço pois é parte da minha profissão. O que gosto mesmo é de apreciar uma imagem, principalmente as cores, as formas, as texturas e tudo o que vem de carona com a cena. Curto sentir os cheiros, os sons, os ruídos e a temperatura do ambiente, tanto quanto observar a reação das pessoas que estão ali também, olhando para aquela mesma imagem. E cada vez mais, as pessoas olham menos para o que estão fotografando porque o objetivo final delas não é a imagem em si. Mas isso é assunto para uma outra viagem.
Um grande pretexto que uso para apreciar um cenário, um monumento, ou um prédio de linhas surpreendentes é escolher um lugar tranquilo onde eu possa me sentar, abrir meu diário de viagens e desenhar. Esse sim é o meu grande prazer. Provavelmente foi por causa dele que decidi ser uma narradora de viagens.
Os lugares mais fotogênicos que conheci não estão no meu arquivo de fotos. Preferi passar o meu tempo ali, não fotografando, mas desenhando croquis ou fazendo pequenas aquarelas para guardar, do jeito mais prazeroso, aquelas paisagens esteticamente belas, ou de cores emocionantes, ou de significados arrebatadores.
Mas hoje é o Dia Mundial da Fotografia, que tem tudo a ver com viagens. Por isso eu fiz um roteiro temático que começa em Minas Gerais.
Esse estado é tão lindo que, não importa a direção que você resolva tomar. Qualquer que seja o seu Norte, todos os pontos cardeais te levarão até um cenário de tirar o fôlego. Uma viagem por Minas é colorida pelos tons terrosos, que vão da clara poeira das estradinhas de terra do interior, ao marrom enferrujado que tinge a vegetação, consequência das riquezas extraídas do nosso subsolo. Esse roteiro deve incluir paradas no meio do caminho, para você admirar ao longe, telhados tortos de fazendas solitárias boiando sobre o tão falado mar de montanhas. A fotogenia mineira está nos tons brilhantes dos tachos de cobre que fumegam um vermelho viscoso durante o preparo da mais autêntica goiabada, sobre um fogão a lenha tingido de fuligem. E a porteira de madeira acinzentada fica bem enquadrada, ao lado do latão de leite, que espera paciente ser levado para a cooperativa.
Viajar por estradas mineiras também é seguir as linhas intrigantes da arquitetura barroca, cheia de dourados e prateados; os amarelos mostarda e os azuis angelicais da arte sacra, guardadas pelas cidades históricas. Por fim, é possível combinar, numa única imagem, os pequenos respiros de verdes que resistem entre as tonalidades concretas das cidades grandes. Acrescente o cheiro, o ruído e as pessoas e você terá um cartão postal de Minas Gerais.