
Estudo indica que faturamento das operadoras foi 67% menor, mas aponta adaptação
Em 2021, o Anuário Braztoa chega a sua 10ª edição, e registra o contraste entre o crescimento alcançado na década e o impacto da pandemia de Covid-19 no Turismo. Realizado pela Braztoa – Associação Brasileira das Operadoras de Turismo – o estudo mostra, em números, o contexto econômico nacional e internacional do segmento de viagens de lazer; e indica as tendências a serem obervadas no comportamento dos turistas.
Além disso, o documento oferece um raio-x dos números dos afiliados da associação nos últimos 10 anos, com dados que mostram que as previsões para o setor no início de 2020 eram positivas.
Pré-covid e pós-covid = crescimento interrompido
Segundo dados da Organização Mundial do Turismo, foram registradas 1,5 bilhão de viagens internacionais em 2019. Em 2020, porém, as chegadas internacionais, que estavam previstas para 1,5 bilhão, não ultrapassaram os 350 mil. Assim, o ano de 2020 regrediu a atividade turística aos patamares de 30 anos atrás.
Analogamente, entre 2009 e 2019, os associados Braztoa registraram um crescimento de 143% no faturamento – saindo de R$ 6,2 Bi e alcançando a marca de R$ 15,1 Bi em 2019. No entanto, em 2020, o faturamento dessas operadoras caiu 66,8% em relação ao ano anterior; alcançando o patamar de R$ 4 bilhões.
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Já o volume de passageiros transportados pelos associados Braztoa na última década foi mais regular, e saiu de 4,8 milhões em 2010 para 6,52 milhões em 2019. Ao observar o embarque de passageiros durante 2020, a redução foi de 49,9% em comparação a 2019, com o embarque de 3,3 milhões de passageiros.
Nesse sentido, do total de turistas embarcados, mais de 3,16 milhões – ou 96% do total – foram para destinos dentro do Brasil. Desse modo, segundo o Anuário, apenas 140 mil brasileiros viajaram para fora do país em 2020.
Turismo doméstico ganhou protagonismo
Com a pandemia e as restrições a viagens internacionais, o turismo nacional passou a representar uma parcela maior do faturamento das operadoras que integram a Braztoa – responsáveis por cerca de 90% das viagens de lazer comercializadas no Brasil.
Ao todo, as viagens nacionais, que historicamente ficavam entre 60% e 70% do faturamento global, foram responsáveis por um faturamento de 3,09 bilhões – ou seja, 77%. Para a Braztoa, isso representa a rápida adaptação no portfólio de produtos das operadoras associadas.
Nordeste segue líder
No Brasil, o Nordeste seguiu na liderança, e recebeu 69,9% do total de passageiros embarcados em 2020. Já a região Sul ficou em 2° lugar, com 13,6%; o Sudeste foi responsável por uma parcela de 12,4% dos embarques; e as regiões Norte e Centro-Oeste ficaram abaixo de 5% do total nacional.
Entre os destinos que compõem o pódio brasileiro, Salvador ficou na 1ª colocação, enquanto Maceió e Natal dividiram o 2° lugar e Rio de Janeiro e São Paulo ficaram em 3°.
Embarques internacionais impactados pela pandemia
Por outro lado, as viagens para o exterior atingiram a marca de R$ 909 milhões de faturamento (23%). Neste tema, a Braztoa destaca que, além do impacto de restrições e do câmbio, o aumento do Imposto de Renda sobre remessas para pagamento de serviços turísticos no exterior, de 6% para 25%, também contribuiu para o encarecimento das viagens.
Nos embarques internacionais, mesmo com todas as restrições de fronteiras, o destaque vai para a Europa, que correspondeu a 28% dos embarques. Os números do continente podem ser explicados por viagens a estudos e reagrupamentos familiares, assim como pelo deslocamento de pessoas de dupla nacionalidade.
Em 2° lugar entre os destinos internacionais está a América do Norte, com 23,6% dos embarques para fora do Brasil. Já América Central-Caribe representou 21% dos embarques; América do Sul 20%; e o bloco Ásia-África-Oceania 7,4% do total.
Orlando + Cancún continuam em alta
Mesmo com restrições, especialmente nos Estados Unidos, Orlando e Cancún continuaram como os mais vendidos entre os destinos internacionais. No entanto, alguns destinos internacionais pouco expressivos até 2019 surgiram na lista dos mais comprados em 2020 – como foi o caso das Ilhas Maldivas. O crescimento do destino pode ser explicado por fatores como a facilidade de acesso, as tarifas aéreas e de hospedagem convidativas e o apoio de fornecedores de serviços turísticos locais na remarcação de viagens.
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Ticket Médio e perfil das viagens
Nas viagens domésticas, observa-se uma redução de 35,6% no ticket médio, que chega ao menor valor dos últimos 10 anos = R$ 979. Esse fator pode ser explicado pela redução das compras das viagens em 2020 e pela execução das viagens compradas no ano anterior; e por tendências em tempos de pandemia, como redução de duração das viagens e alteração dos produtos comprados – com maior foco no terrestre e nas viagens de proximidade.
Por outro lado, identifica-se um aumento de 79% do ticket médio internacional, que fica em R$ 6.330. Esse fato pode ser explicado pela realização das vendas internacionais sem a execução no ano de 2020; e, principalmente, pela significativa variação cambial.
Tendências no tipo de pacote vendido
Segundo o Anuário Braztoa 2021, em 2020, com relação à duração das viagens nacionais, os roteiros de média duração – 5 a 9 dias – foram os mais escolhidos, e representaram 48% das vendas. Já para as viagens internacionais, os roteiros de longa duração – mais de 9 dias – ficaram na frente, e foram 41% das vendas.
Sobre o tipo de pacote vendido, os completos – aqueles que envolvem a parte terrestre e aérea – representaram 31% do faturamento, enquanto as viagens que englobam apenas a parte terrestre, sem aéreo, foram responsáveis por 38%. Para a aquisição dessas viagens, a opção de pagamento parcelado em mais de 5 vezes atendeu a maior parte dos clientes – 47%.
Além disso, o cartão de crédito e o boleto foram os meios de pagamento mais usados, e estiveram presentes em 48% e 49% das vendas, respectivamente. Destaca-se o grande aumento que o boleto obteve no último ano (13% para 49%), fator que pode ser explicado pela aquisição das viagens a partir de financeiras ou crédito direto com as operadoras.

Expectativas e Considerações
Para a Braztoa, diante das restrições à circulação, identifica-se a existência de uma demanda reprimida por viagens, sejam elas nacionais ou internacionais. O advento da vacinação em escala global, utilização de protocolos sanitários e o cenário econômico favorável podem ser condicionantes para uma aceleração na recuperação do setor.
Nesse sentido, considera-se que o cenário para 2021 é positivo no contexto global. O Banco mundial prevê uma expansão da economia mundial na ordem de 4%, e a UNWTO – Organização Mundial do Turismo – projeta que em 2 anos e meio o turismo retorne aos patamares anteriores à pandemia, em número de viagens e receitas.
Construímos este Anuário como um registro positivo, um motivo para nossos associados, empresários, colaboradores, parceiros, fornecedores e toda a rede da qual fazemos parte se orgulharem – afinal, quando a Braztoa leva aos setores público e privado a importância do turismo na economia nacional, é deste elo indissociável e do trabalho de todos que estamos falando.
Um documento que atesta a resiliência e a capacidade do turismo para se reinventar – e para onde vamos olhar e lembrar de que passamos pela maior crise da história do mundo e que esse foi apenas o início de uma nova realidade. Esta é a razão de ser do Anuário Braztoa 2021.
Roberto Haro Nedelciu – Presidente da BRAZTOA
Confira a versão completa do Anuário Braztoa 2021 em
www.braztoa.com.br