Pela primeira vez na história, o Vaticano abriu por sua agência de viagens, a Opera Romana Pellegrinaggi (ORP), maior operadora de turismo religioso no mundo e criada em 1934, um projeto sobre a elaboração de um roteiro de turismo jesuítico integrando o Brasil, Paraguai e Argentina. A divulgação convida os europeus interessados para desfrutar de fé, cultura e história, especialmente das missões jesuítas da América do Sul.
O Itinerário do turismo jesuítico começa em Assunção, no Paraguai, passando pela Argentina e também pelas Cataratas do Iguaçu, na região das Tres Fronteiras
O inicio dos estudos vem desde o começo deste ano, depois do recebimento das sugestões dos países participantes. A Argentina sugeriu uma visita às ruínas das missões como a de San Ignacio Mini, fundada pelo padre jesuíta San Roque González de Santa Cruz, no início do século XVII. O Paraguai incluiu visita à sede real do governo, museus, igrejas e trabalhos de artesãos. O Brasil, acreditem, incluiu a cidade de Foz de Iguaçu no roteiro, mas deixou São Paulo de fora, o que está causando questionamentos bem justificáveis.
Ora, é inacreditável que São Paulo, uma das maiores metrópoles do mundo, fundada por jesuítas, catequistas e que tem como máximo representante um padre como José de Anchieta, recentemente elevado a Santo da Igreja Católica, não esteja lembrada para o catálogo da Opera Romana. Jesuítas que aqui estiveram desenvolveram o esforço para a educação, fundando colégios em vários locais, inclusive São Paulo, onde no Pátio do Colégio ainda esta de pé a escola que deu origem à Vila de Piratininga.
A pergunta que se faz é se não houve alguma falta na proposta encaminhada pelo Ministério do Turismo. Como também esquecer, por exemplo, da cidade de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul. Parece que este reparo está sendo tentado pela Embaixada do Brasil junto ao Vaticano.
Até mesmo a cidade de Itu, no interior de São Paulo, poderia reivindicar uma participação nesse roteiro. Fundada em 1610, também registrou a obra jesuítica avançando para o interior. Cidade de imensa fé católica, com cognome de “Roma Brasileira” tem na Igreja do Bom Jesus a sede do Santuário Geral do Apostolado da Oração do Brasil, entidade fundada em, 1871, pelo padre italiano e jesuíta Bartolomeu Taddei, integrante do primeiro grupo de jesuítas que chegou ao Brasil para a fundação do Colégio São Luís, em Itu, um dos mais importantes estabelecimentos de ensino do País.
Como percebe, falta maior estudo e profundidade de muitos ‘observadores’ e autoridades do turismo que não se aprofundam no no estudo do assunto e desconhecem boa parte da história dos primeiros tempos heróicos da Companhia de Jesus no nosso território.
A 55a. Assembléia Geral da CNBB que terá sua reunião em Aparecida (SP) de 26 de abril a 5 de maio poderá colocar este assunto em sua pauta, já que também as festividades dos 300 anos da aparição de Nossa Senhora que serão comemorados neste ano não constam do roteiro religioso sugerido na parte brasileira.
O episódio realmente causa estranheza, especialmente pelos turistas que virão ao Brasil envolvidos por um ambiente religioso e na busca de monumentos de religiosidade que, certamente, não encontrarão em Foz do Iguaçu. O turismo religioso é um segmento diferenciado por abrigar idosos, em sua maioria, que precisam de uma infra-estrutura especial de transporte público, atendimento médico, guias, segurança e muito mais. De um melhor conhecimento também.
MISSÕES
Em janeiro, a direção da Embratur e o ministro do Turismo, Marx Beltrão, estiveram reunidos com o ministro do Turismo da Argentina, Gustavo Santos, para propor a promoção conjunta do “Roteiro das missões jesuíticas”. Os visitantes poderão conhecer ruínas e saber um pouco mais da história dessas instalações erguidas por padres jesuítas espanhóis há mais de 400 anos no Sul do País e nos vizinhos Argentina, Uruguai e Paraguai.
Pela proposta, além das visitas às ruínas, podem ser organizadas caminhadas e passeios ciclísticos num raio de 600 km, no estilo do conhecido Caminho de Santiago, na Espanha.
A idéia inicial tinha a proposta de convidar o Papa Francisco para estar no lançamento do projeto, previsto para ser apresentado oficialmente em setembro. Não houve mais nenhuma manifestação a respeito, e com a recusa firmada pelo Pontifice em uma visita ao Pais neste ano, mais as modificações no processo de formatação do instituto brasileiro, o assunto parece estar à espera.