Neste momento em que nós, brasileiros, vivemos uma sobrecarga de estresse gerado pela crise política e econômica, pelas revelações das delações premiadas e pela sobrecarga de notícias e informações mais ou menos importantes, o valor da quietude, do isolamento, alcançou níveis máximos no mercado do turismo. Assim, cresce a cada dia a procura por roteiros em que a atração principal é o silêncio.
Operadores e agentes de viagem oferecem aos seus clientes uma variedade de opções nas quais essa valiosa commodity ganha destaque com rótulos diferentes. Há aquele tipo de viajante que se sente atraído pelo convite de fugir da rotina em um local físico e culturalmente distante. Outros querem apenas escapar dos centros urbanos para relaxar na natureza. Há quem necessite de um completo detox tecnológico e busque lugares sem qualquer conexão. Existem pessoas que querem se desligar da “realidade do dia a dia”, trocando-a por “outra realidade”; e também aquelas que acreditam no poder de uma paisagem remota como agente altamente transformador.
Na maioria das vezes, esses viajantes ocupam cargos relevantes no mundo corporativo e vivem sob as pressões do mercado. Ao mesmo tempo, acumulam milhares de milhas voadas na bagagem e já viram e experimentaram de tudo mundo afora. Como recompensa, um presente de automerecimento, esses viajantes veem o isolamento como a quintessência do luxo e, assim, almejam roteiros que proporcionem uma experiência tão necessária quanto marcante.