A indústria vitivinícola chilena tem muitos motivos para lamentar a tragédia que o país vive por causa dos incêndios na zona centro-sul e os danos causados a vilas e vinhedos, especialmente para pequenos produtores nas regiões de O'Higgins e Maule. Uma reunião emergencial foi realizada com representantes de todo o setor, para colaborar na identificação de necessidades, definir ações a serem seguidas e buscar a melhor forma de ajudar os produtores afetados.
Para identificar com precisão os prejuízos e canalizar adequadamente a ajuda, a Wines of Chile, juntamente com outras associações do setor, está preparando um relatório sobre os possíveis danos causados às vinícolas pelos incêndios. A visitação turística do Enoturismo, por exemplo, está prejudicada em mais de 80%.
Até agora, a investigação apontou que os principais danos foram em colinas, florestas e pastagens. As áreas cultivadas queimadas têm sido proporcionalmente baixas: cerca de 45 hectares de vitis vinifera, considerando um total de 141.000 hectares em todo o país.
“As perdas têm sido concentradas nas antigas plantações de pequenos produtores em regiões próximas de colinas e florestas, algumas das quais têm videiras com mais de 100 anos”, comentou o presidente da Wines of Chile, Mario Pablo Silva. “Todo o setor vitivinícola está atento e estamos tomando medidas concretas para identificar os problemas e apoiá-los na busca de soluções reais.”
De acordo com informações preliminares, nenhum dano foi identificado em vinhedos no Vale de Casablanca, Curicó e Bío Bío, embora permaneçam em alerta. Atualmente, a perda é concentrada no Vale do Maule (27 hectares), Vale do Maipo (10 hectares) e Vale de Colchagua (7 hectares).
Esta aeronave Boeing 747-400 Super Tanker, o maior avião cisterna do mundo, com capacidade para transportar 75 mil litros foi alugado por uma fundação privada, a Ventos do Sul, e chegou hoje a Santiago para ajudar o combate aos incêndios florestais chilenos.
São US$ 2 milhões de dólares que a psicóloga chilena radicada há dez anos nos EUA, Lucy Ana Avilés, e o marido, Ben Walton (neto do fundador da cadeia de lojas Walmart e herdeiro da sua fortuna), vão pagar pelo uso do avião que inicialmente atuará na região de Maule, uma das mais atingidas nos avanços do fogo.
“Nunca vimos uma coisa desde tamanho, nunca na história do Chile”, disse a presidente chilena, Michelle Bachelet, que visitou a região. Alguns dos incêndios estão sob suspeita de terem sido propositais.
Os incêndios florestais são comuns durante os longos, quente e áridos verões chilenos, mas a seca que dura há quase uma década, conjugada com temperaturas elevadas de modo anormal, criaram as condições para o cenário atual que está afetando atividades gerais, e o turismo chileno está sendo uma das vitimas.
Entre as ajudas do exterior, Brasil, França, Estados Unidos, México, Peru e Portugal já se manifestaram. Portugal envia ainda hoje uma força especial de combate a incêndios com 50 bombeiros.
Uma cidade de seis mil habitantes foi inteiramente destruída pelas chamas. Santa Clara, a 360 km de Santiago do Chile e próxima de Constitucion, foi completamente consumida pelas chamas na noite de ontem, com destruição de mil residências e prédios dos serviços publicos.
Até ao momento, os piores incêndios florestais no Chile já destruíram cerca de 160 mil hectares de floresta: os fogos alastraram no centro do país devido aos ventos fortes, temperaturas altas e seca prolongada. Há vários dias que os serviços de emergência combatem as chamas sem interrupção, centenas de bombeiros e meios aéreos.
O estado de emergência está declarado para várias regiões -Valparaiso, Metropolitana, O'Higgins, Maule, Biobio, La Araucania e Los Lagos