Uma das mais longas, solidárias e doloridas semanas vividas pelo esporte mundial estará sendo completada nesta terça (6), depois do terrível desastre que ainda está muito vivo e presente em todos. O acidente com a delegação da Chapecoense no voo que se aproximava de Medellin foi na madrugada da ultima terça-feira, no penultimo dia de novembro.
A maior tragédia na história do esporte em todos os tempos, com 71 vitimas fatais e apenas 6 sobreviventes.
Seria o jogo mais importante dos 43 anos de história do clube, que se tornou orgulho de Chapecó na busca de um título inédito. E que se tornou, em tão poucos dias difíceis de serem vividos, no time mais famoso e homenageado pelo mundo inteiro, com um elo de solidariedade sem precedentes.
Indiscutível e reconhecida como ‘especialíssima’ foi o atitude, o respeito, colaboração e ajuda, além da irmandade apresentadas pelo Atlético Nacional, sua direção, jogadores, a torcida, o povo e a Colombia como nação. Tanto que o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, anunciou a construção de um memorial (museu ou monumento) para recordar as vítimas e uma praça que terá o nome de Medellin.
Outra medida já encaminhada é o projeto de lei para converter Medellin em cidade-irmã de Chapecó, que nesta tentativa inicial de reestruturação, tem como uma das ações a ampliação na capacidade do estádio Indio Condá que passará dos 19 mil atuais para 40 mil lugares.
Com a esperada confirmação do título por parte da Conmebol acolhendo a idéia lançada pelo Atlético Nacional e endossada por todos, o clube de Chapecó terá uma série de participações asseguradas no próximo ano, entre as quais a disputa da Libertadores já na fase de grupos, do Campeonatos Brasileiro e Catarinense, da própria Copa SulAmericana, além da Recopa, onde disputará com o próprio Atletico de Medellin – que também quer prestar mais uma homenagem com o Mundial de Clubes que vai disputar nos próximos dias no Japão.
Foram expressas e sinceras as palavras do prefeito de Chapecó “nunca olvidaran lo que Colombia hizo por el Chape”, e isto deve se refletir na torcida que será feita pró clube de Medellin.
Enquanto os próximos seguem de grande pesar é preciso retomar a normalidade. A vida tem que voltar a andar. Pelas ruas de Chapecó o uniforme verde continua sendo o traje quase obrigatório, a sensibilidade segue à flor da pele, na absorção das perdas. Hoje, às 19 horas, mais uma homenagem, na igreja Matriz de Santo Antonio, com a missa de sétimo dia.
E o seguir em frente tem uma série de possibilidades que passam a ser expectativas, como a possibilidade de um jogo entre as seleções do Brasil e da Colombia, em janeiro próximo, com arrecadação para as famílias que tiveram vitimas no acidente. A partida poderia ser no Maracanã, segundo idéia da CBF que vai doar R$ 5 milhões para o clube.
Manter um clube na ascensão que vinha conseguindo a Chape custa muito. O orçamento deste ano chegaria a R$ 45 milhões e será decisiva uma participação da torcida que está dando uma resposta impressionante. O clube já passou de 9 para 15 mil sócios contribuintes em uma semana e deverá superar os 35 mil assim que forem aceitos todos os pedidos.
A Conmebol, dentro das prerrogativas de confirmar a Chapecoense, repassará o premio de US$ 4,8 milhões. Para o Atletico Medellin, US$ 1 milhão mais o premio ‘Centenário Fair-Play’ como reconhecimento pelo respeito e solidariedade demonstrados.
E como acontece sempre em circunstâncias como estas, Chapecó vai se tornar uma referência de visitação com envolvimento turístico nacional e internacional. É outro detalhe que a cidade, com pouco mais de 210 mil visitantes, lider na região oeste catarinense, terá que se envolver gradativamente, pois a Chape transformou-se em um símbolo.