Mercado apresentou queda na demanda, mas expectativa é de melhora em 2020
A Associação Internacional de Transporte Aéreo = IATA divulgou os resultados do transporte aéreo de carga em 2019. Os números foram os piores desde 2009, ano de crise financeira global. A demanda, medida em toneladas de carga por quilômetro, caiu 3,3% em relação a 2018. No mesmo período, a capacidade de transporte, ou toneladas de carga disponível por quilômetro, aumentou 2,1%.
O setor, que não registrava quedas desde 2012, teve seu desempenho determinado por fatores diversos. Os resultados foram afetados, por exemplo, pelo fraco crescimento de apenas 0,9% do comércio global. Além disso, os números são também creditados à desaceleração do PIB em economias de atividade manufatureira. Nesse cenário, a queda da confiança de empresas e consumidores também contribuiu para a retração registrada pelo mercado.
Por outro lado, para 2020, há indicativos de retomada do crescimento no setor. Mas fatores como o novo coronavírus e seu impacto no comércio mundial ainda podem desestimular o transporte aéreo de carga.
As tensões comerciais estão entre as principais causas do pior ano para o transporte aéreo de carga desde 2009. Apesar da melhoria nessas tensões, parece haver pouco progresso nessas boas notícias. Não sabemos os efeitos do impacto do coronavírus na economia global. Todas as restrições tomadas certamente serão um empecilho para o crescimento econômico. E, com certeza, 2020 será outro ano cheio de desafios para o setor de carga aérea.
Alexandre de Juniac – Diretor Geral e CEO da IATA
Confira o desempenho registrado pelo transporte aéreo de carga em cada região
O transporte aéreo de carga só não registrou queda na África. A região Ásia-Pacífico manteve a maior parte das toneladas de carga por quilômetro = FTKs, 34,6%. Já América do Norte e Europa aumentaram a participação relativa no setor, e atingiram 24,2% e 23,7%, respectivamente.
A participação do Oriente Médio se manteve estável em 13%. Enquanto isso, África e a América Latina também registraram um leve aumento, e chegaram, respectivamente, a 1,8% e 2,8%.
Ásia-Pacífico
As companhias da Ásia-Pacífico tiveram queda de 3,5% na demanda de dezembro em relação ao mesmo período de 2018. Ao mesmo tempo, a capacidade, em toneladas de carga disponível por quilômetro = AFTK, aumentou 2,8%.
No total do ano, os volumes tiveram queda de 5,7%, e registraram o pior desempenho entre todas as regiões, enquanto a capacidade aumentou 1,1%. O desempenho da Ásia-Pacífico foi especialmente afetado pelas tensões no comércio internacional, já que se trata da região que mais exporta manufaturas. Também por essa razão, a Ásia registrou queda de 8% nos índices de FTK em relação a 2018.
América do Norte
Muito afetada por tensões comerciais, a América do Norte registrou queda de 3,4% nos volumes e aumento de 2,1% na capacidade em dezembro do ano passado. No total do ano, o resultado foi um pouco menos negativo = queda de 1,5% no volume e aumento de 1,6% na capacidade.
Europa
Companhias aéreas europeias apresentaram queda de 1,1% na demanda em dezembro, em relação ao mesmo mês em 2018. No mesmo período, o aumento de capacidade foi de 4,9%. O continente foi especialmente atingido pela incerteza em relação ao Brexit, e pelo ritmo lento de algumas das principais economias, como a alemã.
O resultado foi uma queda de 1,8% nos volumes de carga, com aumento da capacidade em 3,4% ao longo de 2019. Em termos de carga internacional, o desempenho foi o mais fraco desde 2012.
Oriente Médio
No caso das companhias do Oriente Médio, a queda de demanda em dezembro foi de 3,4% quando comparada com dezembro de 2018. No mesmo período, o aumento da capacidade foi de 1,9% – o menor entre as regiões.
O resultado anual foi uma queda de 4,8% na demanda, e um aumento de apenas 0,7% na capacidade. A região teve o resultado determinado, entre outros fatores, pela reestruturação de suas companhias aéreas.
América Latina
A região foi a de maior queda de desempenho em dezembro – 5,3% – e a única em que houve redução da capacidade no período, em 3,1%. No entanto, o seu resultado anual foi o segundo melhor, com queda de volumes de 0,4% e aumento de capacidade em 4,7%.
África
Única região em que houve resultado positivo, a África observou um crescimento de demanda de 10,3% em dezembro, com aumento de 7,4% no ano. Já a capacidade aumentou 10% em dezembro, e 13,3% no total de 2019. A região se beneficiou do aumento da capacidade e de investimentos asiáticos.