O Rio Grande do Sul guarda atrações incríveis para quem gosta de destinos de natureza
Em Aparados da Serra, enquanto acompanhava atenta os passos seguros do meu guia, o Luka, constatei que precisava de novas botas de caminhada. Essa ideia me acompanhou enquanto eu atravessava a crista da cachoeira do Tigre Preto, equilibrando-me sobre grandes pedras molhadas, a apenas poucos centímetros de um precipício colossal. Parei no meio da travessia para tentar entender como havia chegado àquele ponto. Foi tempo suficiente para olhar para baixo e observar velozes fios d’água precipitando-se numa maravilhosa queda até terminarem, lá embaixo, uma viagem de 500 metros de profundidade. Para chegar até esse exato momento, precisei acordar às 5 da manhã, quando deixei a cama quentinha do Refúgio da Pedra Afiada para conhecer o cânion Fortaleza.
Quando o sol subiu as montanhas e venceu o horizonte nublado, deu para sentir que o dia seria no mínimo quente, talvez chuvoso, mas com certeza, surpreendente. Quem visita essas terras, localizadas entre as cidades de Praia Grande e Cambará do Sul, na divisa dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul deve vir preparado para a intensidade de emoções que afloram nas longas caminhadas sobre as bordas dos cânions, ou no final de uma travessia de um cachoeira, onde eu ainda me encontrava, num momento que pareceu congelado no tempo.
Até o final do dia eu andaria horas e horas horas pelas bordas desses abismos sedutores, ora dando saltos de precaução, é verdade, mas também de alegria.
Aparados da Serra em final de aventura
Ao pegar o caminho de volta para a pousada, a impressão que tinha era de que o céu tinha perdido o controle. Nuvens de todos os formatos e tamanhos, com cores que iam do amarelo ao púrpura, passando pelo cinza e dezenas de tons rosáceos postaram-se à frente do sol, invadindo a cena e criando um horizonte renascentista. Cercados pela explosão de vapor e luz, retornei ao Refúgio da Pedra Afiada. Nem bem chegamos e uma chuva aguda desmoronou.
No aconchego do refúgio, observei ondas de vapor inundando um outro cânion, o Malacara. Em meio à paz e ao silêncio retumbante que me isolava do mundo real desejei que o resto das pessoas que habitam esse planeta pudessem compartilhar a emoção.