Com mais de 300 anos de história, Ouro Preto é um dos principais símbolos de Minas Gerais, para os visitantes do Brasil e do exterior. A antiga Vila Rica, que no passado sediou alguns dos mais importantes movimentos na luta pela independência brasileira, é um dos ícones máximos do barroco nacional e mundial. Tombada como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco, a cidade é a terra natal de escritores, artistas e personalidades de diversos segmentos. Em meio às ladeiras que recortam todo o centro histórico, estão ainda chafarizes, capelas, museus e um belo casario colonial que guardam e contam histórias dos séculos XVII e XVIII, épocas da pujança das minas e da Inconfidência Mineira.
Centro histórico das artes e da cultura no Brasil, Ouro Preto recebe, há mais de uma década, uma das mais importantes mostras do calendário audiovisual brasileiro: a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, que, em 2016, chega a sua 11ª edição de 22 a 27 de junho. A escolha do cenário não foi ao acaso. O único evento do circuito de mostras e festivais a enfocar o cinema como patrimônio, a preservação, a história e a educação é realizado na antiga capital de Minas Gerais, cidade Patrimônio da Humanidade que também vem sendo, desde a década de 1970, até os dias atuais, palco para produções cinematográficas nacionais e internacionais. Alguns exemplos são os longas-metragens “Chico Rei” (1985), de Walter Lima Jr; “Luar sobre Parador” (1988), dirigido por Paul Mazursky; “Tiradentes” (1999), de Oswaldo Caldeira; e “Aleijadinho – Paixão, Glória e Suplício” (2001), de Geraldo Santos Pereira.
Para a diretora da Universo Produção, Raquel Hallak, que também assina a coordenação da Mostra de Cinema de Tiradentes, que está prestes a comemorar duas décadas de realização, “a CineOP é uma iniciativa pioneira e se destaca nacionalmente como um fórum privilegiado da preservação em diálogo com a educação. É um instrumento de discussões, reflexões e encaminhamento de ações sobre a preservação do patrimônio audiovisual brasileiro que tem proporcionado uma visibilidade crescente para um verdadeiro tesouro escondido em cinematecas, arquivos, redes de televisão, museus e coleções particulares”.
Assim, durante seis dias, o público poderá desfrutar de uma programação intensa e gratuita, composta de exibições de filmes em pré-estreias nacionais e retrospectivas, oficinas, workshops, debates, diálogos audiovisuais, encontros e atrações artísticas. Paralelamente, os turistas poderão desfrutar de roteiro inesquecível que inclui museus, antiquários, feira de artesanato em pedra-sabão, lojas e cafeterias da Rua Direita e da Rua São José. A dica é usar sapatos confortáveis para subir e descer ladeiras, admirando a paisagem histórica e singular da cidade que é a cara da CineOP.
A cidade, uma das principais representantes da arte barroca em todo o mundo oferece ainda joias arquitetônicas como a Igreja São Francisco de Assis. Projetada por Aleijadinho, foi declarada em 2009, uma das sete maravilhas de origem portuguesa no mundo. O artista também foi o responsável pelo medalhão da fachada e o lavabo da sacristia – peça de pedra-sabão que impressiona pela riqueza de detalhes e perfeição. O forro da nave, que Mestre Athayde levou mais de dez anos para pintar, é uma de suas maiores obras. No altar-mor, os painéis e quadros laterais também são de sua autoria. A construção divide os holofotes com a Matriz de Nossa Senhora do Pilar, a mais rica de Minas Gerais, com mais de 400 quilos de ouro.