MILÃO – Poucas vezes a decisão da maior competição interclubes do mundo ganhou um aspecto diferenciado como no jogo de logo mais no estádio San Siro que terá barulho, gritos e explosões de fé e entusiasmo, além de comemorações e lamentos, tudo em ritmo espanhol. A decisão da Champions League supera como evento esportivo do ano a final do Super Bowl americano, tanto que terá transmissão para 200 paises em todo o mundo, com mais de 400 milhões de espectadores.
Na cidade italiana, desde a véspera o clima é todo latino. Milão está a 1.200 km. de Madri.e teve uma invasão de torcedores no bom sentido, com mais de 250 voos charters e quase 300 onibus procedentes da capital da Espanha com os entusiasmados torcedores de Real e Atletico. Cerca de 70 mil espanhóis estão na cidade do Norte da Itália.
A hotelaria milanesa comemora – uma ocupação sem precedentes, estimada em 98%, com preços elevadíssimos que subiram mais de 400%. Bares, restaurantes, lojas e todos os serviços agregados à um movimento turístico que em um só final de semana recriou um clima que a própria Expo Mundial realizada recentemente, ou as grandes feiras têxteis, não proporcionaram com tais características.
O movimento turístico-esportivo estimado para Milão é de 80 milhões de euros, quase o dobro do que foi em Lisboa na final de 2014.
Muitos detalhes envolvem a grande decisão, a sexta entre equipes de um mesmo pais, a terceira entre os espanhóis – a ultima foi há dois anos, entre os mesmos rivais, em Lisboa, e vencida pelo Real na prorrogação.
O time merengue tenta a sua décima primeira conquista do principal troféu no futebol europeu, e Zinedine Zidane, o famoso craque, pode conseguir seu principal feito, sendo o primeiro treinador de origem francesa. ‘Hay qe correr, correr y correr…’, foi sua principal declaração na chegada da delegação do Real à Milão.
A data de 28 de maio já teve 7 decisões do torneio, em uma delas a vitória do Real sobre o Milan, no ano de 1958.
O time do Real jogará contra um retrospecto: nunca venceu uma partida das taças europeias em Milão e foram 14 jogos. Teve dez derrotas e quatro empates. Já participou de 13 decisões da Champions e somente deixou de vencer em duas vezes.
Neste torneio, os dois clubes de Madrid já se enfrentaram seis vezes, foram dois empates e quatro vitórias do Real. No histórico entre ambos, 212 jogos, 105 vezes deu Real, 51 empates e 56 vitórias do Atletico.
Caso o Atlético consiga a sonhada taça, será o 23º. time a ganhar o famoso troféu. Hoje será o 300º. jogo do clube ‘colchonero’ dentro das taças europeias, buscando a sua maior vitória.
Em estatísticas, o Atlético confia no retrospecto de Simeone. O falante e agitado técnico argentino, que pode se consagrar como o terceiro não europeu a vencer a Champions, ainda não perdeu para Zidane, nem dentro ou na margem do campo. Como jogador e técnico soma nove confrontos.
EM MADRID
O clima na capital da Espanha é simplesmente algo nunca visto. O assunto é único, a decisão que se repete entre os dois clubes locais, com a satisfação extra: o grande rival Barcelona está de fora, tal o clima de disputa futebolistica existente entre as duas cidades.
Há uma exposição comparável apenas à conquista da Espanha em seu único título de Copa do Mundo. Nos meios de comunicação, os principais diários – El Pais, Marca, El Mundo, AS – as tvs e rádios só falam nisso.
Nos bares e restaurantes que terão telões e acompanhamento dos jogos, a movimentação prevista para este final de semana é de 9 milhões de euros.
Quem pode foi para Milão. A oferta de 46,5 mil lugares teve todos os assentos, mesmo com os preços triplicados em Milão. Ir e voltar entre hoje e amanhã tem custo de 580 euros o bilhete, mais de 1 mil euros com hospedagem.
Plano de Ação Especial foi montado no aeroporto de Madrid para o movimento em função dos voos até Milão
O aeroporto Adolfo Suárez-Barajas teve mais de 250 voos. Foram tantos que além do Malpensa, em Milão, também o vizinho aeroporto de Bergamo, a 60 km., está sendo utilizado, principalmente com aviões menores e jatos executivos.
A Air Europa programou 74 voos extras além das duas operações diárias para Milão. Mais de 16 mil lugares. A Ibéria teve 12 mil lugares, Ryanair aumentou 10 voos.
Já o transporte rodoviário nos 1.200 km. até Milão teve um enorme movimento, com ônibus levando torcedores das duas equipes. Mais de 300 realizando a viagem, custo médio em 130 euros.
EM SAN SIRO
O famoso estádio municipal de Milão, o Giuseppe Meazza, terá a sua terceira final de Champions. Já foi cenário das decisões entre Benfica x Internazionale e Celtic x Feynoord. Hoje é tudo bem diferente, tanto que 2 mil policiais estão atuantes no esquema de segurança.
Nas decisões da Copa, o placar de 1-0 já foi registrado em 15 vezes. Em 16 finais a partida foi para a prorrogação.
Jogadores de 57 paises já disputaram a final da competição e a Itália teve o maior numero deles, 241.
Nesta edição a arbitragem será inglesa mais uma vez, a sétima. Mark Clattenburg será o juiz. E pela primeira vez a UEFA vai adotar o ‘olho de falcão’, a tecnologia específica para apontar se foi ou não gol, com o sistema de câmeras auxiliares cobrindo a linha. A partir do ano de 2006, com o tênis seguido por várias competições, passaram a utilizar o método que esclarece dúvidas decisivas. Finalmente a Champions também se rende a esta modernidade.
Antes da decisão, esta é a certeza: a taça – conhecida como 'Orelhuda', viajará para Madrid