Quem frequenta os aeroportos brasileiros, passageiros ou não, vem observando sistematicamente que o movimento vem diminuindo e não é de agora. Já são 15 meses na queda da demanda e isto também se acentua quando os números indicam diminuição de 11% no tráfego doméstico, com 15 destinos saindo do mapa das empresas, enquanto no internacional a diminuição de voos chega a mais de 6%.
Os problemas são vários e a maioria advém da situação econômica, com as companhias aéreas brasileiras convivendo com uma situação de prejuízos acelerados. Até outubro, o acumulado de passageiros embarcados somou 72,6% milhões, uma queda de quase 8% na comparação anual. Foram mais de 6,5 milhões de pessoas que deixaram de voar. Tudo foi a menos: oferta, taxa de ocupação, aeronaves devolvidas, poucas expectativas positivas.
Reuniao sobre aviação no MTur (foto/Divulgação/Roberto Castro)
Nesta semana, com este quadro e o debate de uma série de questões relacionadas, o presidente da Abear – Associação Brasileira das Empresas Aéreas – apresentou um relato em audiência no Ministério do Turismo. Eduardo Sanovicz mostrou ao ministro Marx Beltrão como está o quadro geral, considerado ‘muito preocupante’.
No turismo, em especial, 50% dos deslocamentos feitos no Brasil são por avião. “O aumento da conectividade aérea é fundamental para ligar pessoas a destinos turísticos. Por isso, precisamos avançar em temas como a redução do ICMS sobre o querosene usado em aviões e a estruturação e melhoria de infraestrutura de aeroportos, entre outros gargalos que impedem que o setor volte a crescer”, afirmou o ministro.
Em 2014, foram realizadas 100 millhões de viagens de avião no Brasil. Em 2015, a aviação contribuiu com R$ 312 bilhões na economia e gerou quase 6,5 milhões de empregos. O setor arrecadou quase R$ 60 bilhões em impostos.
Aeronaves de companhias internacionais estacionadas no aeroporto de Guarulhos, SP
Mas, os efeitos da tempestade foram mostrando a realidade e se acumulado. A crise – da política aos entraves da economia – transformaram o otimista quadro da aviação brasileira, – que apontava para mais de 160 milhões/ano até 2030 – com a redução de mercado que também começa a se acentuar no setor internacional, como mostra o relatório do diretor regional da IATA para a América do Sul.
Peter Gerdá mostra as preocupações do ambiente: “os custos operacionais cresceram 24% enquanto as receitas aumentaram apenas 3,7%. O Brasil segue atrasando nas regulações do setor e a questão das tarifas sobre o combustível que não são uniformes é outro ítem que não tem avanços.”
NO MUNDO
Nosso pais está voando acelerado na direção que o mercado internacional vai seguindo, com a previsão de lucros menores pela primeira vez em seis anos. A demanda mais fraca, recuo de 16% nos lucros maiores gastos com combustível e obrigações trabalhistas são o cenário projetado pela IATA que representa 265 companhias responsáveis por 83% do mercado aéreo global.
Além disso, em 2017, o valor das passagens deve encolher mais 3%, para o valor médio de US$ 351 dólares, de acordo com a organização. Não é um ambiente promissor de negócios