A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) enfatizou aos governos da América Latina que maximizem os muitos benefícios que a aviação gera, procurando solucionar as deficiências críticas da infraestrutura e aplicando princípios de Regulação Inteligente. Este panorama de advertência foi dado por Peter Cerdá vice-presidente regional para as Américas, na sessão especial que antecedeu a abertura da 73ª. reunião anual inaugurada na noite deste domingo, em Cancún.
“Com o crescimento de passageiros na América Latina que deverá dobrar até 2034, a contribuição da indústria do transporte aéreo para o PIB regional poderia passar de US $ 140 bilhões para US $ 322 bilhões. A indústria está a caminho para alcançar esse crescimento de forma sustentável. As pessoas querem e precisam fazer conexões em todo o continente de modo global. Só que o negócio depende de ligações aéreas eficientes aos mercados distantes. Infelizmente, os governos da região estão dificultando o crescimento sustentável com deficiências crônicas de infra-estrutura e regulação debilitante “, afirmou o executivo, citando questões diretas do Brasil, México e Peru.
As baixas tarifas aéreas, o aumento dos rendimentos e o crescimento demográfico estão alimentando a significativa demanda de passageiros na América Latina. No entanto, muitos dos principais aeroportos da região não conseguem absorvê-lo. Os dois exemplos mais críticos são o Jorge Chavez, em Lima, que tem um terminal com capacidade para 10 milhões e está atendendo 17 milhões por ano:
Na Cidade do México, um dos principais centros aéreos da região, o crescimento é restringido por infra-estrutura antiga. Um novo aeroporto, uma vez concluído, deve aliviar essas limitações, mas isso ainda está há vários anos de distância. O atual aeroporto, que está operando em capacidade total, só pode adicionar novos vôos durante as horas noturnas, fora de pico.
Na Argentina, a gestão arcaica do tráfego aéreo em Buenos Aires e arredores estão prejudicando a competitividade da indústria da aviação na região e provocando atrasos nas companhias aéreas e tempos de voo mais longos para os passageiros. O governo fez mudanças positivas no quadro regulatório no país, aprovando novas rotas e operações de novas operadoras, mas o sistema de controle de tráfego aéreo ineficiente precisa urgentemente de modernização.
Cerdá também criticou de modo incisivo a questão da instabilidade política observada no Brasil e que gera incertezas. E como isso tem influenciado na questão da regulamentação que não é claramente definida. “O Brasil é um dos exemplos regionais em que a regulação pouco ortodoxa bloqueou o crescimento da indústria aérea e os benefícios econômicos e sociais que a mesma é capaz de produzir”, frizou.
O vice da associação indicou que a aviação brasileira cresceu em maio e abril depois de 19 meses de números negativos
Alguns dos exemplos mais onerosos incluem uma política de combustível que aumenta os custos para as companhias aéreas de US $ 660 milhões por ano e regras que punem as companhias aéreas por atrasos e cancelamentos mesmo quando não são culpa da companhia aérea
O México voltou a ser apontado por ter recentemente aprovado nova legislação que, no caso de se tornar lei, prejudicará a competitividade aérea. Modificando a Lei de Aviação Civil do país, exige remuneração de passageiros por atrasos e bagagem despachada gratuitamente em vôos domésticos.
A Venezuela foi outro pais latino que mereceu criticas diretas, ai pela questão do não pagamento a empresas internacionais que estão se retirando do Pais por não recebimento compensatório em dólares dos bilhetes vendidos. Uma divida que já acumula US$ 3,8 bilhões. A United Airlines, neste fim de semana, confirmou que vai suspender o seu voo diário para Caracas.
“A América Latina tem todos os elementos necessários para se tornar uma história de sucesso da aviação: companhias aéreas competitivas e eficientes, uma classe média crescente, dados demográficos favoráveis e uma geografia que exige viagens por via aérea. No entanto, com exceção do Panamá e do Chile, os governos da região não estão tratando as transportadoras aéreas como parceiros que promovem um valioso desenvolvimento social e econômico. Ao não abordar as necessidades urgentes de infraestrutura da região, a América Latina deixará de angariar $ 42 bilhões de benefícios econômicos até 2034 “, acrescentou Cerda.
A reunião da IATA instalada oficialmente nesta noite de domingo reúne mais de 2 mil participantes. Fundada no ano de 1945 em Havana, a IATA reúne atualmente 275 companhias aéreas com 83% do tráfego aéreo mundial. Sua sede atual está em Montreal, no Canadá.