Acompanhava atenta os passos seguros do meu guia, o Luka, enquanto tentava entender como eu, havia chegado àquele ponto
Em Aparados da Serra eu pensava:
Preciso de novas botas para caminhada…
Era guiada por essa ideia, enquanto atravessava a crista da cachoeira do Tigre Preto, equilibrando-me sobre grandes pedras molhadas, a apenas poucos centímetros de um precipício colossal.

Acompanhava atenta os passos seguros do meu guia, o Luka, enquanto tentava entender como eu, havia chegado àquele ponto.
Enquanto isso, velozes fios d’água precipitavam-se numa maravilhosa queda para terminarem, lá embaixo, uma viagem de 500 metros de profundidade.
Cheguei àquele ponto acordando às 5 e meia da manhã, quando deixei a cama quentinha do Refúgio da Pedra Afiada para conhecer o cânion Fortaleza.
Quando o sol subiu as montanhas e venceu o horizonte nublado, deu para sentir que o dia seria no mínimo quente, talvez chuvoso, mas com certeza, surpreendente.
Quem visita essas terras, localizadas entre as cidades de Praia Grande e Cambará do Sul, na divisa dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul deve vir preparado para a intensidade de emoções que afloram nas longas caminhadas sobre as bordas dos cânions, e no final de uma cachoeira, onde eu me encontrava naquele momento.
Andei por 4 horas pelas bordas desses abismos sedutores, dando saltos de precaução, é verdade, mas também de alegria.

De volta à pousada, parecia que o céu tinha perdido o controle. Nuvens de todos os formatos e tamanhos, com cores que iam do amarelo ao púrpura, passando pelo cinza e dezenas de tons rosáceos postaram-se à frente do sol, invadindo a cena e criando um horizonte renascentista. Cercados pela explosão de vapor e luz, retornei ao Refúgio da Pedra Afiada.
Nem bem chegamos e uma chuva aguda desmoronou. No aconchego do refúgio, observei as nuvens inundando um outro cânion, o Malacara. Em meio à paz e ao silêncio retumbante que nos isola do mundo real desejei que o resto das pessoas que habitam esse planeta pudessem compartilhar da minha emoção.